quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Empresário descobre o Natal após infartos


Para cumprir uma promessa, morador de Três Coroas distribui brinquedos

Frente a frente com aquele homem vestido de vermelho e de barba branca, Kaique da Silva, três anos, hesitava em se aproximar. Ele era um dos integrantes do passeio que a turma da Escola Recanto das Travessuras fez, ontem à tarde, para ver de perto como é aquela casa cheia de brinquedos que virou assunto na cidade inteira.
Assim que chegou ao local, Kaique descobriu: a residência é de Waldemar Dreher, 76 anos. Fica no centro de Três Coroas, do Vale do Paranhana. Waldemar não é o Papai Noel, mas para isso só falta mesmo a roupa. Um amigo se veste com as roupas do personagem. Quando aparece, é a alegria de uns, mas o temor de outros.
– Ele não morde! – avisa o pequeno Lucas Land, também de três anos, aos colegas.
Após passar por dois infartos, o empresário Waldemar decidiu deixar a empresa do setor calçadista nas mãos do filho e descansar. Quando viu a morte de perto assumiu um compromisso:
– Eu prometi que, se saísse daquela, ajudaria as pessoas – relata.
Neste ano, aposentado arrecadou 5 mil presentes
Foi assim que tudo começou, em 1997. Sem nunca ter trabalhado com madeira, iniciou a produção de carrinhos para presentear crianças no Natal. Passados 12 anos, ele já não pega no serrote, mas está por trás da arrecadação este ano de 5 mil brinquedos.
Amigos empresários, comerciantes, donos de atacados, todos se mobilizam pela causa. Para organizar as entregas, ele reformou o que era o galpão de sua casa e abre as portas para a criançada. Mas só para elas.
– Aqui só entra criança. De adultos, só minhas ajudantes mesmo. Porque as crianças escolhem o que elas realmente querem. Se entram junto, os pais é que escolhem – diz.
No decorrer desta semana, cerca de 1,5 mil crianças passaram pela casa e ainda há brinquedos em quantidade. Ontem foram mais 300 beneficiados.
Depois do circuito montado pelas cinco escolas de Educação Infantil do município e dos projetos sociais, os brinquedos serão organizados em lotes e seguirão para o interior da cidade, com ajuda da prefeitura.
Diante de tantos olhares curiosos e reações inusitadas das crianças, existe uma que não deixa a lembrança do Papai Noel três-coroense.
– Já era tarde da noite quando um dia um menino chegou no portão e perguntou se era aqui a casa dos brinquedos. Eu disse que sim e ofereci a ele quantos presentes ele quisesse levar, mas ele pegou só um. Disse que um só era o suficiente – recorda Waldemar.


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