domingo, 13 de dezembro de 2009

Diabetes é um problema que cresce em todo o mundo


Sintomas iniciais da doença são muitas vezes desconsiderados pelas pessoas.

Canoas - Classificado por especialistas como uma epidemia, o diabetes atinge atualmente 246 milhões de pessoas em todo o mundo. Conforme alerta da Organização Mundial da Saúde, a previsão é de que até 2025 esse número chegue a 380 milhões. A mudança na alimentação do brasileiro e o sedentarismo são as causas apontadas pelo estudo do Ministério da Saúde para o aumento no número de mortes por diabete no País. Conforme estudo divulgado na quinta-feira, o registro de óbitos provocado pela doença em 16 anos, ao se considerar apenas a morte por causa básica em adultos de 20 a 74 anos, passou de 16,3 por 100 mil habitantes, em 1990, para 24 por 100 mil habitantes, em 2006, aumento de 47,2%.
De acordo com a médica endocrinologista Helena Wenher, o diabetes é uma doença crônica, que surge a partir de uma disfunção do pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina. "O diabetes altera o metabolismo através dos carboidratos, causando alteração da glicose nas taxas de sangue. Hoje em dia, se considera diabético quem apresenta glicemia, após jejum de oito horas, acima de 100 miligramas por decilitro (de sangue)", explica.
Doença de ação lenta, o diabetes costuma iniciar de forma despercebida. Sintomas como sede demasiada, fome em excesso, necessidade de urinar muitas vezes à noite, dores musculares, perda de visão, tontura e zumbido são geralmente menosprezados por adultos. Já nas crianças, o mal age de forma mais acelerada, tendo como indícios a enurese noturna (xixi na cama, à noite), desnutrição, perda de peso rápido e até mesmo o coma diabético. "Como os sintomas são mais gritantes, os pais também procuram ajuda mais rápido", nota.

CONSEQUÊNCIAS - Segundo Helena, a evolução do diabetes costuma provocar insuficiência vascular (aumentando a chance de infarto), problemas na vesícula, maior incidência de câncer e até perda de membros inferiores. Esta última, em especial, é uma das preocupações do mecânico Rogério Rodrigues Godói, 41 anos. Filho de mãe diabética e convivendo há 13 anos com a doença, ele diz tomar cuidado redobrado para não se ferir, principalmente pés e pernas, na atuação profissional. "O diabetes muda todos os hábitos: alimentação, cuidados com o corpo, tudo", reconhece.

Doentes devem manter controle da glicose
Para controlar o diabetes, a endocrinologista Helena Wenher recomenda que os pacientes realizem testes duas vezes por semana, procurem o médico regularmente para verificar se a medicação está adequada, pratiquem atividade física orientada e mantenham a taxa de glicose equilibrada. Ela observa que a obesidade (cada vez mais crescente) não causa, mas contribui para o surgimento da doença, tanto em adultos, como em crianças. Por isso, cuidados com a alimentação são necessários. "É preciso diminuir farináceos e doces e não abusar de frutas, porque contêm açúcar natural", destaca. Lembrando que não há restrição para que mulheres diabéticas engravidem, Helena reforça, no entanto, que elas devem aumentar o controle da doença durante a gestação, para evitar que a formação do feto seja comprometida.

Grupos de apoio nos postos de saúde auxiliam pacientes
Há dois meses, a moradora do bairro Rio Branco Neila Van Lau de Azeredo, 61, aprendeu que é preciso estar atenta aos níveis de açúcar no sangue. "Minhas taxas variam entre 105 e 113. Não é propriamente diabetes. Está sob controle", garante. Estas e outras informações sobre a doença ela obteve em um dos grupos de educação atendidos por equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), da Secretaria Municipal de Saúde.
Conforme a médica de família e comunidade Andrea Gusmão, no Brasil, a prevalência do diabetes é de 7,6%. Para identificar e atender casos em Canoas, ela explica que além de consultas nas Unidades Básicas de Saúde e do fornecimento mensal de medicação (através de programa federal), o Município conta com o acompanhamento mais próximo de pacientes nas áreas de cobertura das equipes de ESF. Em reuniões quinzenais ou mensais - conforme programação de cada grupo - são esclarecidas dúvidas sobre hipertensão e diabetes, controle alimentar, atividades físicas e tratamento. "Nosso esforço é diminuir a complicação da doença nos pacientes", reforça Andrea.
Nestes encontros, Neila também descobriu que cuidar da alimentação é muito importante. "Ter consciência do que pode comer já é meio caminho andado. Mas tem que fazer direitinho, todos os dias", observa.


Diário de Canoas

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