quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lindemberg vai a júri popular pela morte de Eloá, determina TJ de São Paulo


SÃO PAULO - A 16ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que o motoboy Lindemberg Alves Fernandes, de 23 anos, vai a júri popular pela morte da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos . A jovem foi assassinada em 17 de outubro de 2008, após Lindemberg mantê-la refém por cem horas, em um apartamento de Santo André, ABC paulista. No desfecho, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) invadiu o local e prendeu o motoboy, mas, durante a invasão, ele atirou em Eloá. A outra refém, Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, foi atingida na boca e sobreviveu.
A decisão do TJ foi tomada nesta terça-feira. Segundo o Tribunal de Justiça, ainda não há previsão de quando Lindemberg será julgado pelo Tribunal do Júri de Santo André, pois isto depende da agenda de julgamentos. A defesa de Lindemberg havia entrado com recurso para que o Tribunal revisse a decisão da Vara do Júri de Execuções Criminais de Santo André , que determinou que o acusado fosse julgado pelos jurados. Mas a 16ª Câmara Criminal negou o recurso.
Em outubro deste ano, o Ministério Público disse já ter uma série de bons argumentos para convencer o júri a condenar o motoboy. A Promotoria quer provar que ele premeditou o crime . Na ocasião, o promotor Antonio Nobre Folgado disse que Lindemberg já entrou no apartamento decidido a matar Eloá. A tese, disse, é comprovada pelo depoimento da Nayara, pela reconstituição da invasão do Gate; pela perícia no local; pelo laudo necroscópico das vítimas, e pela negociação com o Gate.
O Instituto de Criminalística confirmou que Lindemberg se escondeu para dar os tiros. Na parede e na cortina onde ele foi preso havia vestígios de pólvora. Na negociação com o Gate, disse o promotor, Lindemberg afirmou diversas vezes que ia matar Eloá e Nayara. Lindemberg permanece preso.

O crime
Eloá levou dois tiros, um na cabeça e outro na virilha. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. Nayara foi baleada no rosto e sobreviveu sem sequelas. ( veja as imagens do fim do sequestro )
O fim do sequestro ocorreu em meio a críticas sobre a ação da polícia. Um dia antes dele terminar, Nayara Silva voltou ao prédio e se tornou novamente refém. A adolescente, rendida no primeiro dia, ao lado da amiga, havia passado 33 horas refém e tinha sido liberada. Ela passou pouco mais de 24 horas em liberdade, até que Lindemberg exigiu que a Polícia Militar a chamasse. Ele afirmava que, em troca, libertaria Eloá.
A Polícia Militar chegou a negar que ela estivesse de novo na condição de refém e informou que a presença da menina era "estratégia de negociação". O próprio coronel Eduardo José Félix, que comandava a operação, disse que os pais da adolescente concordaram que ela voltasse ao prédio e que a garota poderia sair do apartamento quando quisesse. No entanto, em depoimento à polícia, a menina negou que tivesse recebido qualquer orientação para não retornar à porta do apartamento.
Não foi a única confusão em torno do caso. Os policiais alegam que só entraram no cativeiro depois de ouvir um disparo. A informação é negada por Nayara. A menina, em depoimento à polícia e à Justiça, afirma que os disparos foram feitos depois que a porta do apartamento foi implodida pelos policiais. Para especialistas, a polícia cometeu pelo menos três falhas: demora, devolução de refém e acesso irrestrito ao telefone, pelo qual o criminoso chegou a dar entrevistas.
A última exigência de Lindemberg atendida pela polícia foi apresentar um documento por escrito, entregue por um promotor do Ministério Público, garantindo sua integridade física. O documento foi levado pelo promotor Augusto Eduardo de Souza Rossini. Neste caso, não ocorreu falha: Lindemberg saiu ileso. Ele está preso desde 20 de outubro na Penitenciária de Tremembé, onde também está Alexandre Nardoni, acusado pela morte da filha Isabella Nardoni.

Desdobramentos
Confirmada a morte cerebral de Eloá, os órgãos dela foram doados pela família, beneficiando pelo menos cinco pessoas . O pai da menina, Everaldo Pereira dos Santos, durante o sequestro, foi reconhecido como um dos integrantes da "Gangue Fardada", um grupo de extermínio que atuava em Alagoas. Ex-policial militar, Everaldo é apontado pela polícia alagoana como autor de pelo menos três homicídios. Ele ainda terá de responder também pelo crime de falsidade ideológica, já que em São Paulo passou a adotar o nome de Aldo José da Silva.


O Globo

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