sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Circulação de três tipos de dengue e gravidade dos casos preocupam no Brasil


SÃO PAULO - A gravidade e não apenas o aumento do número de casos de dengue preocupa vários estados do Brasil. E isto, segundo especialistas, pode estar ligado ao fato de em muitas cidades estarem circulando, ao mesmo tempo, três tipos de vírus, os tipos 1, 2 e 3.
Em Goiás, onde a situação é de epidemia, até o dia 13 de fevereiro já havia seis óbitos confirmados em decorrência da doença e outros nove estão sendo investigados. Pelo menos dois deles foram na forma hemorrágica. Em 2009, foram 31 mortes causadas pela dengue. O tipo de vírus com maior incidência mudou de 2008 para 2009 e o tipo 1 voltou a circular com força, mas os percentuais dos três tipos são expressivos. Em 2008, a maior parte dos casos foi causada pelo tipo 3 do vírus e o tipo 1 era responsável por apenas 2% dos casos. Já em 2009, o tipo 1 passou a ser dominante, com cerca de 60%, enquanto o tipo 2 foi responsável por 21% dos casos e o tipo 3, por 16%.
- Com três tipos de vírus circulando, você aumenta a possibilidade de ter dengue na forma grave. Primeiro porque quem tem dengue pela segunda vez, normalmente tem na forma mais grave. Segundo porque pode haver uma interação dos três tipos de vírus, pode ter mutações e ele ficar mais grave - explica a gerente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Goiás, Magna Maria de Carvalho.
Além disso, quando um vírus novo é introduzido ou volta a circular de forma expressiva numa região, como é o caso do tipo 1 em Goiás, é mais provável que pessoas que nunca tiveram a doença, como crianças, contraiam o vírus.
Segundo Magna, em Goiás, a gravidade dos casos de dengue pode ser medida não apenas pelo número expressivo de mortes em 2010, mas também pelo número de internações e pela avaliação feita por médicos em pacientes com a doença. Até agora, foram notificados cerca de 25 mil casos de dengue em Goiás em 2010, contra 4.200 em 2009.
Em Mato Grosso, onde também há epidemia, em 2010 já há 387 casos graves de dengue, sendo que oito resultaram em morte. Outros nove óbitos estão sendo investigados. Em 2009 foram 1405 casos graves e 52 mortes, números bem maiores que em 2008, quando houve 28 casos graves de dengue e oito mortes. No estado, assim como em Goiás, atualmente circulam vírus dos tipos 1, 2 e 3, mas a novidade foi a volta da circulação expressiva do tipo 2.
- Desde 2001 e 2002 a circulação do tipo 2 não era tão grande em Mato Grosso. Em 2009 tivemos mais casos graves de dengue porque o tipo 2 voltou. A gente espera que em 2010 a situação não seja tão grave como em 2009 - disse o coordenador do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde de Mato Grosso, Aparecido Marques.
Segundo Marques, a gravidade do caso depende do organismo do paciente e do atendimento médico que é prestado.
- Em 2009 tivemos muitos casos graves porque as estruturas de saúde não estavam preparadas para isso. Numa situação dessas, temos que estar atentos para os casos suspeitos. A pessoa tem que ser bem avaliada no início para que não evolua para gravidade - diz Marques.
Em São Paulo, a dengue preocupa em várias cidades, entre elas Ribeirão Preto. O número de óbitos no município em 2010, por enquanto, é igual ao de 2009: uma pessoa morreu da doença. Mas a situação é de epidemia e as autoridades temem que a população não esteja imunizada.
- Esta é a pior epidemia que já tivemos. Em 2009 tivemos 1960 casos de dengue. Este ano foram 1277 até hoje. Em Ribeirão circulam os três tipos de dengue existentes no Brasil. Isso é ruim, porque as pessoas não estão imunizadas contra os três tipos - explica o médico epidemiologista da Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto Cláudio Souza de Paula.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou que pelo menos cinco estados brasileiros - Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rondônia - vêm apresentando aumento considerável de casos de dengue desde dezembro do ano passado. A pasta nega, no entanto, que a situação seja considerada uma epidemia da doença, embora algumas secretarias de Saúde usem o termo nos boletins epidemiológicos publicados este ano.


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