quarta-feira, 3 de março de 2010

Beliscos entre refeições respondem por 27% das calorias que as crianças ingerem


RIO - As crianças comem, em média, três lanches por dia - além das três refeições principais -, o que explicaria por que o percentual de obesidade na infância aumentou para mais de 16% nos últimos anos, nos EUA, aponta um amplo estudo sobre o tema divulgado ontem. No Brasil, este número varia de 15% a 20%. As crianças comem tão frequentemente, segundo o trabalho de Carmen Piernas e Barry Popkin, da Universidade da Carolina do Norte, que caminham para a "ingestão contínua" de alimentos.
Aproximadamente um terço das calorias ingeridas pelas crianças americanas vem dos lanches, relata o estudo, publicado na "Health Affairs". Os cientistas definem lanche como qualquer alimento ingerido entre as refeições regulares. O trabalho foi feito a partir de informações de 31.337 crianças americanas, dos 2 aos 18 anos, procedentes de quatro grandes pesquisas nacionais sobre comida e alimentação. Os resultados, no entanto, podem ser extrapolados para as crianças brasileiras, ao menos para as da classe média, cujos hábitos alimentares são similares.
"A tendência das crianças hoje é de comer três lanches por dia. Mais de 27% das calorias ingeridas por elas diariamente vêm desses lanches. O maior aumento registrado foi na ingestão de salgadinhos e balas. Mas os doces e as bebidas açucaradas ainda são a maior fonte de calorias dos lanches", escreveram os cientistas. "As crianças elevaram sua ingestão calórica diária em 113 calorias de 1977 a 2006", acrescentaram.

Comendo sem parar e aumentando de peso
Com tais hábitos, dizem os especialistas, as crianças estão muito perto do proverbial "comendo sem parar", o que levanta questões sobre o estado das bases psicológicas dos menores.
Um outro estudo divulgado ontem, com base na Pesquisa Nacional de Saúde da Criança, de 2007, revela que o percentual de obesidade infantil nos EUA aumentou de 14,8% em 2003 para 16,4% em 2007 - um aumento considerado significativo para um espaço tão curto de tempo. O percentual de crianças consideradas acima do peso manteve-se estável no mesmo período, em 15%.
"Quando somamos os números de crianças com sobrepeso e obesas, as taxas parecem estar se estabilizando. Nossas descobertas, no entanto, sugerem um possível aumento na severidade da epidemia de obesidade na infância", sustentou, em comunicado, Christina Bethell, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, principal autora do estudo.
Outras pesquisas divulgadas recentemente já mostraram que crianças obesas têm mais tendência a se tornarem adultos obesos e desenvolver doenças crônicas relacionadas ao sobrepeso ainda muito jovens.



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