segunda-feira, 1 de março de 2010

Pedofilia: Número de casos de abuso é alarmante


Quase a metade dos episódios de pedofilia acontece contra crianças que têm apenas entre 2 e 5 anos de idade

Rio - Há mais de 10 anos combatendo a pedofilia e os maus-tratos a meninos e meninas, a vereadora Liliam Sá (PR) diz nunca ter deixado de se impressionar com as histórias que ouve em seu gabinete e os números de ocorrência do crime. De acordo com a Associação Brasileira de Proteção à Infância, 49% dos casos de abuso contra menores acontecem com crianças de 2 a 5 anos. No relatório do Disque 100 (central de denúncias de pedofilia) de 2009, houve 9.638 registros de abuso sexual. Já a Organização Mundial do Trabalho mostra que 1,8 milhão de jovens sofrem esse tipo de ataque, todos os anos, no mundo.
Mês passado, a polícia começou a investigar denúncia de que um alto funcionário do Flamengo teria abusado de um menor na vizinhança do clube.
Presidente da Comissão Permanente dos Direitos da Criança e do Adolescente, a vereadora conta que já houve um caso em sua própria família. Em 1986, um parente próximo, então com 5 anos, foi abusado pela filha de uma empregada, que na época tinha 14 anos.
“A criança ficava seis horas com ela. Em pouco tempo, eu soube da história porque a criança me contou que ela pedia para mexer em seu órgão sexual”, relembra Liliam Sá.

CRIANÇAS DÃO SINAIS

Com a experiência obtida no trabalho na comissão da Câmara, a vereadora faz um alerta aos pais. “Escutem seus filhos. Criança não mente, no máximo, aumenta. Até porque não tem de onde inventar por falta de referência. Então, prestem atenção, porque o menor dá sinais”, garante.
Segundo psicólogos e a vereadora, alguns desses sinais estão na mudança de comportamento. “Ele fica triste, para de estudar, tem nojo do próprio corpo e pode também passar a ter pavor de determinadas pessoas. Muda de dócil a agressivo”, explica Liliam Sá, em seu terceiro mandato na Câmara.

RELATOS DE EPISÓDIOS DE ABUSO SÃO DE TIRAR O SONO

A vereadora Liliam Sá já perdeu a conta do número de histórias estarrecedoras que ouviu desde que passou a atuar na comissão da Câmara.
“Tinha uma menina de 3 anos de Rocha Miranda que era abusada pelo padrasto. Mas, como a mãe não queria perder o marido, ela preferia não acreditar na filha. Antes, para a criança não entregá-lo, ele fazia a menina comer suas fezes. O abuso durou até os 12 anos. Só depois ela conseguiu se livrar dele e se casou. Por causa do sofrimento na infância, ela não conseguia ter relações sexuais com o marido e toma remédios até hoje. Atualmente, ela lidera um movimento de pessoas que passaram por esse trauma”, conta Liliam. “Não consegui conter as lágrimas com essa história”, relembra a vereadora.
Os casos atingem todas as classes sociais.
“Na Ilha do Governador, uma senhora, formadora de opinião, contou que o seu filho de 3 anos, hoje com 11 anos, foi abusado pelo seu ex-marido, pai do menino e que está solto até hoje, impune”, afirma a vereadora. “Ela diz que gastou muito dinheiro com psicólogos, mas esse é um trauma que a criança vai carregar para o resto da vida.”.
Na mesma linha do senador Magno Malta, presidente da CPI da Pedofilia, a vereadora concorda que “pessoas desses tipo não deveriam existir”.

Reportagem de Ana Carla Gomes e Sabrina Grimberg
O Dia Online
Foto Ruy Miguel Rodrigues - Olhares.com

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