Mulher afirma ter ficado quase quatro décadas em cárcere privado em um apartamento em Curitiba, sofrendo maus-tratos
Foram quase quatro décadas de um exílio que termina hoje. Aos 54 anos, 38 depois de ser levada de Laranjeiras do Sul, na região Oeste do estado, para trabalhar na casa de uma família em Irati e Curitiba, Zeni Zavelinski pega hoje a estrada para rever sua família – a mãe e os irmãos. Ontem, em depoimento na Delegacia da Mulher de Curitiba, ela afirmou que era mantida presa em um apartamento no centro da capital, trabalhava sem receber salário e sofria maus-tratos. A delegada Daniele Serighelli instaurou um inquérito para apurar as denúncias e nesta semana deve ouvir o casal acusado e testemunhas.
O caso foi descoberto na quarta-feira da semana passada, quando o advogado Aristides Athayde foi abordado por um guardador de carros no centro de Curitiba. Segundo o guardador, sempre que Zeni passava pelo local reclamava que sofria maus-tratos e era impedida de procurar a família. Athayde e dois policiais militares foram até o apartamento. Zeni foi encaminhada para um abrigo da Fundação de Ação Social, da prefeitura de Curitiba.
Zeni ainda lembra de quando foi levada de casa, em 1971. “Um juiz foi me buscar. Me levaram para a casa da mãe da minha atual patroa, em Irati”, conta. Depois, quando a antiga “patroa” morreu, ela passou a trabalhar para a filha e o marido, primeiramente em Irati e depois em um apartamento em Curitiba. “Eu limpava a casa e lavava a roupa e só saía para fazer compras”, afirma. “Comida eles davam bastante, mas ela brigava. Batia com a vassoura e dava beliscão. Ela gosta de judiar.”
Quando falava em procurar a família, Zeni ouvia que os parentes estavam mortos. “Eu tento encontrar eles desde 1988. Desconfiava que eles não estavam mortos, mas eu não tinha documentos”, relata. “Eles (o casal) diziam que se eu fugisse ia para um abrigo. Em Irati eles me mantinham chaveada dentro do quarto e me acordavam com água fria na cama. Se eu fugisse, não teria o que comer.” Ela disse que nunca estudou e nunca votou. Em Laranjeiras do Sul, pretende recomeçar a vida: “Quero começar a estudar.”
O tio de Zeni, Amauri Zavelinski, 74 anos, diz que a família tinha perdido a esperança de encontrá-la. “Às vezes alguém passava por lá dizendo que ela estava em algum lugar, mas eram só conversas”, conta. “A gente achava esquisito ela não se comunicar, parecia que tinha alguma coisa errada mesmo.” Ele não lembra como Zeni foi levada. “Foi meu pai e minha mãe que decidiram. Só lembro que uma mulher passou por lá e ela desapareceu.”
Na edição de sábado da Gazeta do Povo, as acusações de maus-tratos e cárcere privado foram negadas pelo casal. Segundo o aposentado que mantinha Zeni, que preferiu não ter o nome divulgado, ela era tratada como se fosse “da família”.
Entenda o caso
Zeni acusa o casal com quem morava de maus-tratos e cárcere privado
> Em 1971, Zeni Zavelinski é levada de casa, na comunidade rural de Rio Laranjeiras, na zona rural de Laranjeiras do Sul. Segundo familiares, ela teria ido morar com uma família em Irati.
> Na quarta-feira da semana passada, o advogado Aristides Athayde é comunicado por um guardador de carros que uma mulher era mantida em cárcere privado. Ele e dois policiais militares vão até o prédio. A Delegacia da Mulher de Curitiba instaura um inquérito e Zeni é encaminhada para a Fundação de Ação Social de Curitiba.
> Ontem, Zeni e o tio, Amauri Zavelinski, foram ouvidos na delegacia. Hoje, eles seguem para Laranajeiras do Sul.
Foram quase quatro décadas de um exílio que termina hoje. Aos 54 anos, 38 depois de ser levada de Laranjeiras do Sul, na região Oeste do estado, para trabalhar na casa de uma família em Irati e Curitiba, Zeni Zavelinski pega hoje a estrada para rever sua família – a mãe e os irmãos. Ontem, em depoimento na Delegacia da Mulher de Curitiba, ela afirmou que era mantida presa em um apartamento no centro da capital, trabalhava sem receber salário e sofria maus-tratos. A delegada Daniele Serighelli instaurou um inquérito para apurar as denúncias e nesta semana deve ouvir o casal acusado e testemunhas.
O caso foi descoberto na quarta-feira da semana passada, quando o advogado Aristides Athayde foi abordado por um guardador de carros no centro de Curitiba. Segundo o guardador, sempre que Zeni passava pelo local reclamava que sofria maus-tratos e era impedida de procurar a família. Athayde e dois policiais militares foram até o apartamento. Zeni foi encaminhada para um abrigo da Fundação de Ação Social, da prefeitura de Curitiba.
Zeni ainda lembra de quando foi levada de casa, em 1971. “Um juiz foi me buscar. Me levaram para a casa da mãe da minha atual patroa, em Irati”, conta. Depois, quando a antiga “patroa” morreu, ela passou a trabalhar para a filha e o marido, primeiramente em Irati e depois em um apartamento em Curitiba. “Eu limpava a casa e lavava a roupa e só saía para fazer compras”, afirma. “Comida eles davam bastante, mas ela brigava. Batia com a vassoura e dava beliscão. Ela gosta de judiar.”
Quando falava em procurar a família, Zeni ouvia que os parentes estavam mortos. “Eu tento encontrar eles desde 1988. Desconfiava que eles não estavam mortos, mas eu não tinha documentos”, relata. “Eles (o casal) diziam que se eu fugisse ia para um abrigo. Em Irati eles me mantinham chaveada dentro do quarto e me acordavam com água fria na cama. Se eu fugisse, não teria o que comer.” Ela disse que nunca estudou e nunca votou. Em Laranjeiras do Sul, pretende recomeçar a vida: “Quero começar a estudar.”
O tio de Zeni, Amauri Zavelinski, 74 anos, diz que a família tinha perdido a esperança de encontrá-la. “Às vezes alguém passava por lá dizendo que ela estava em algum lugar, mas eram só conversas”, conta. “A gente achava esquisito ela não se comunicar, parecia que tinha alguma coisa errada mesmo.” Ele não lembra como Zeni foi levada. “Foi meu pai e minha mãe que decidiram. Só lembro que uma mulher passou por lá e ela desapareceu.”
Na edição de sábado da Gazeta do Povo, as acusações de maus-tratos e cárcere privado foram negadas pelo casal. Segundo o aposentado que mantinha Zeni, que preferiu não ter o nome divulgado, ela era tratada como se fosse “da família”.
Entenda o caso
Zeni acusa o casal com quem morava de maus-tratos e cárcere privado
> Em 1971, Zeni Zavelinski é levada de casa, na comunidade rural de Rio Laranjeiras, na zona rural de Laranjeiras do Sul. Segundo familiares, ela teria ido morar com uma família em Irati.
> Na quarta-feira da semana passada, o advogado Aristides Athayde é comunicado por um guardador de carros que uma mulher era mantida em cárcere privado. Ele e dois policiais militares vão até o prédio. A Delegacia da Mulher de Curitiba instaura um inquérito e Zeni é encaminhada para a Fundação de Ação Social de Curitiba.
> Ontem, Zeni e o tio, Amauri Zavelinski, foram ouvidos na delegacia. Hoje, eles seguem para Laranajeiras do Sul.
É um absurdo que a mulher sendo mantida em cativeiro como se fosse um cachorro,sem ver o mundo la fora ela é um ser humano e não um animal e sofrendo maus tratos,os carcereiros são os montros e vão pagar muito caro por isso, aqui se fas,aqui se paga porque a justiça dos homens e Divana vão se encarregarem de castigaren esses montros.
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