sábado, 24 de outubro de 2009

Viaduto da morte

Nos últimos seis meses foram três mortes por causa de drogas no Viaduto Capanema. Comerciantes e moradores vivem amedrontados

A região que circunda o Viaduto Capanema, logo na entrada para o bairro Cristo Rei, região central de Curitiba, é acometida por uma realidade violenta, que a cada dia causa medo nas pessoas que vivem e trabalham por ali. A estrutura do viaduto, que fica a poucos metros do modulo policial da Rodoferroviária, está abandonada a anos e tem servido de esconderijo para marginais. Somente nos últimos seis meses foram registradas três mortes relacionadas a drogas no local, todas as vítimas eram moradores de rua que usavam as instalações abandonadas do viaduto para praticar pequenos roubos e fumar crack.
O lado que faz ligação com a rua Ubaldino do Amaral foi por um tempo o Restaurante Popular da Prefeitura de Curitiba e sede de um departamento da Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs), mas está abandonado novamente. Já o lado que faz ligação com a av. Centenário, está completamente abandonado a mais de uma década e desde então se tornou um local perigoso, com incidência de roubos e assassinatos.
No dia três de abril, um rapaz não identificado aparentando 25 anos foi encontrado morto, a causa apontada pela polícia teria sido overdose. No dia 30 de julho, outro homem foi encontrado morto a facadas e em três de setembro, Maguila, um conhecido morador e assaltante do viaduto, foi encontrado morto a tiros no local.


Os comerciantes da av. Afonso Camargo tem inúmeras histórias de pequenos roubos, assaltos noturnos e de intimidação por parte dos pedintes e usuários.
Com sua quitanda a mais de quatro anos próximo ao viaduto, Edílson Silvério, mostrou o estrago causado pelos ladrões no forro de seu estabelecimento. “Eles entraram três vezes aqui, sempre a procura de dinheiro. Muitos dos meus clientes que moram pelas redondezas reclamam de constantes assaltos, nos sentimos muito inseguros por aqui”. Silvério relata que somente após os comerciantes contratarem uma empresa de segurança privada houve diminuição nos assaltos noturnos.
“Procuro alertar as pessoas que me pedem informações por aqui a não passar pelo viaduto, o risco de assalto é muito grande, nunca se sabe quem estará lá e o que possivelmente esteja fazendo. Intenções boas é que não são”, disse Silvério.


A proprietária de uma loja de roupas usadas logo ao lado do viaduto contou que no último assalto, a cerca de três meses foi agredida a socos e pontapés por cinco moradores de rua que levaram dinheiro e mercadorias. Ela não quis se identificar por temer represálias. “Em outras ocasiões os ladrões entraram pelo forro e quebraram as janelas. Em oito anos aqui, nunca me senti segura”, contou a empresária.
A reclamação de dona Lorena Cruz, que há três anos mantêm sua lanchonete a poucos metros do viaduto é sobre a quantidade de pedintes que assediam seu comercio diariamente. “Eu não fui assaltada, apenas me pedem dinheiro e comida. Mas a única vez que deixei meu filho adolescente aqui para ir ao banco, ele foi assaltado e tivemos um sério prejuízo, além do risco que sofremos. O dia todo viaturas da PM e da Guarda Municipal passam por aqui, mas ninguém vêm resolver o problema”, disse Lorena.
Sem apoio das autoridades, alguns comerciantes, como Rafael Almeida Gomes, dono de uma loteria, acaba agindo com as próprias mãos. “Fui rapidamente ao banheiro e quando voltei um rapaz de baixa estatura roubava meu caixa. Fui pra cima de ele e consegui afugentá-lo”, contou Gomes.

Reportagem Jadson André
Fotos Lineu Filho


Jornale

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