sábado, 24 de outubro de 2009

Idosos têm refeição racionada


Pacientes de hospital geriátrico municipal recebem café da manhã escasso, sem nutrientes, e não podem repetir

Rio - Uma caneca de café com leite, um copo d’água e um pedaço de pão com manteiga. É esse o café da manhã servido aos idosos internados no Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro, em Vila Isabel. Frutas e proteínas, como ovo e queijo, não são oferecidos aos pacientes, que não podem repetir as refeições, segundo funcionários.
“O café da manhã é uma refeição importante. E esse está muito pobre. Não tem uma fruta nem proteína, que são fundamentais principalmente para idosos. Sem consumir proteína, que poderia ser até um ovo cozido, o idoso vai perdendo massa muscular”, afirma a nutróloga Tamara Mazaracki.
Segundo funcionários, os pacientes têm água contada: são até 4 copos diários. O instituto — que faz cerca de 2 mil atendimentos mensais e recebe pacientes que tiveram alta hospitalar mas ainda necessitam de tratamento — enfrenta outros problemas.

RESPIRADOR NÃO FUNCIONA
Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Carlos Eduardo, que visitou a unidade ontem, o respirador está ultrapassado e não funciona adequadamente. E os cilindros com oxigênio ficam em local fechado, inapropriado. Os idosos convivem ainda com infiltrações e camas enferrujadas.
O 2º andar do prédio está desativado, esperando, há dois anos, por obras. No lugar seria construída uma enfermaria para a recuperação de idosos, com cerca de 50 leitos. “É o único hospital para essa população, mas é muito descaso. Nem rampa de acesso há para os doentes, que precisam subir de escada”, disse o vereador, que encaminhará documento com os relatos ao prefeito Eduardo Paes. Outro problema foi o fechamento do centro odontológico, que implantava cerca de 70 próteses por mês. O setor foi fechado há 2 meses.
A Secretaria Municipal de Saúde diz que a unidade tem nutricionista e oferece café da manhã equilibrado, com frutas, queijo e iogurte, mas argumenta que o cardápio é variável e por isso não foi oferecido na manhã de ontem.
O órgão nega que a água seja contada. Afirma ainda estar providenciando a compra de respirador e colocação do oxigênio na área externa. Diz, também, que a obra citada está parada há 8 anos e será retomada.

Hansenianos abandonados
Falta de equipamentos médicos, remédios, assistência social, ortopedistas, transporte e segurança foram problemas encontrados ontem no Hospital Colônia de Curupaiti, antiga colônia de hansenianos, em Jacarepaguá, vistoriado pelo Ministério Público estadual. O centro cirúrgico está fechado, não há radiografia e o acesso para os pacientes, em sua maioria cadeirantes, amputados e deficientes, é ruim.
O subprocurador-geral de Justiça de Direitos Humanos e Terceiro Setor do Ministério Público, Leonardo Chaves, solicitou um relatório oficial dos problemas.

Beatriz Salomão e Pâmela Oliveira



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