Uma pesquisa norueguesa mostra que o consumo moderado de álcool pode evitar a depressão
Os benefícios do consumo moderado de álcool para a saúde do coração, o controle do stress e, enfim, para uma vida mais longeva vêm sendo repetidos à exaustão desde a década de 70. À lista das benesses oferecidas por alguns goles de vinho no almoço ou uma dose de uísque depois de um dia exaustivo de trabalho, pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega acabam de incluir um novo item: a incidência de depressão é menor entre homens e mulheres que bebem com parcimônia. Publicado na revista científica Addiction, o trabalho avaliou os hábitos alcoólicos de 38 000 pessoas durante duas semanas. Em seguida, fez-se o cruzamento dessas informações com a incidência de sintomas depressivos naquele mesmo grupo de pessoas. A conclusão foi que a probabilidade de alguém que nunca bebe nada sofrer de depressão é 50% maior do que a de alguém que bebe com moderação.
As investigações sobre os benefícios da bebida para a saúde da mente são raríssimas – ao contrário dos estudos sobre os efeitos deletérios do uso abusivo de álcool. Já está bem documentado que, consumido em excesso, o álcool reduz as taxas cerebrais de dopamina, o neurotransmissor associado à sensação de prazer – o que propicia a depressão. Do ponto de vista fisiológico, não se encontrou nada que explique por que o uso comedido de bebida reduz os riscos de depressão. Para os especialistas, essa relação só pode ser analisada sob o aspecto comportamental. Os chamados bebedores moderados têm um estilo de vida que os protege contra a doença. Em geral, eles tomam umas e (poucas) outras entre amigos e familiares. Ou seja, dispõem de uma rede de relações pessoais próximas e se organizam em atividades sociais para as quais a bebida funciona como elemento agregador – tudo isso, é claro, ajuda a manter a depressão longe. "Alguns estudos já demonstraram que os abstêmios experimentam algum tipo de exclusão social", disse, em entrevista ao site Science Daily, o neurocientista Eystein Stordal, um dos autores da pesquisa norueguesa. Além disso, os parcimoniosos do copo não usam o álcool como muleta para suas inseguranças, ansiedades e frustrações, ao contrário dos bebedores de risco e dos alcoólatras. Diz a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, em São Paulo: "Os bebedores moderados não cometem excessos e não acumulam prejuízos que poderiam favorecer a depressão, como a deterioração das relações familiares e a perda do emprego".
Em pequenas quantidades, a bebida pode promover uma desinibição prazerosa. O álcool estimula a ação do Gaba, neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. É isso que causa aquela sensação de relaxamento que faz o mundo ficar mais divertido. É a explicação fisiológica para a tirada clássica do crítico e editor americano George Jean Nathan: "Bebo para tornar as pessoas mais interessantes". Só um ponto permanece obscuro nessa história: onde os pesquisadores encontraram noruegueses que bebem moderadamente?
Naiara Magalhães
Veja
Os benefícios do consumo moderado de álcool para a saúde do coração, o controle do stress e, enfim, para uma vida mais longeva vêm sendo repetidos à exaustão desde a década de 70. À lista das benesses oferecidas por alguns goles de vinho no almoço ou uma dose de uísque depois de um dia exaustivo de trabalho, pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega acabam de incluir um novo item: a incidência de depressão é menor entre homens e mulheres que bebem com parcimônia. Publicado na revista científica Addiction, o trabalho avaliou os hábitos alcoólicos de 38 000 pessoas durante duas semanas. Em seguida, fez-se o cruzamento dessas informações com a incidência de sintomas depressivos naquele mesmo grupo de pessoas. A conclusão foi que a probabilidade de alguém que nunca bebe nada sofrer de depressão é 50% maior do que a de alguém que bebe com moderação.
As investigações sobre os benefícios da bebida para a saúde da mente são raríssimas – ao contrário dos estudos sobre os efeitos deletérios do uso abusivo de álcool. Já está bem documentado que, consumido em excesso, o álcool reduz as taxas cerebrais de dopamina, o neurotransmissor associado à sensação de prazer – o que propicia a depressão. Do ponto de vista fisiológico, não se encontrou nada que explique por que o uso comedido de bebida reduz os riscos de depressão. Para os especialistas, essa relação só pode ser analisada sob o aspecto comportamental. Os chamados bebedores moderados têm um estilo de vida que os protege contra a doença. Em geral, eles tomam umas e (poucas) outras entre amigos e familiares. Ou seja, dispõem de uma rede de relações pessoais próximas e se organizam em atividades sociais para as quais a bebida funciona como elemento agregador – tudo isso, é claro, ajuda a manter a depressão longe. "Alguns estudos já demonstraram que os abstêmios experimentam algum tipo de exclusão social", disse, em entrevista ao site Science Daily, o neurocientista Eystein Stordal, um dos autores da pesquisa norueguesa. Além disso, os parcimoniosos do copo não usam o álcool como muleta para suas inseguranças, ansiedades e frustrações, ao contrário dos bebedores de risco e dos alcoólatras. Diz a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, em São Paulo: "Os bebedores moderados não cometem excessos e não acumulam prejuízos que poderiam favorecer a depressão, como a deterioração das relações familiares e a perda do emprego".
Em pequenas quantidades, a bebida pode promover uma desinibição prazerosa. O álcool estimula a ação do Gaba, neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. É isso que causa aquela sensação de relaxamento que faz o mundo ficar mais divertido. É a explicação fisiológica para a tirada clássica do crítico e editor americano George Jean Nathan: "Bebo para tornar as pessoas mais interessantes". Só um ponto permanece obscuro nessa história: onde os pesquisadores encontraram noruegueses que bebem moderadamente?
Naiara Magalhães
Veja
concordo com a ideia de nayara magalhaes
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