quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Campanha que associa cigarro a sexo oral gera polêmica na França



Uma campanha antifumo que mostra adolescentes ajoelhados com um cigarro na boca, em pose que sugere prática de sexo oral forçado com um adulto, está provocando polêmica na França.

Associações ligadas à família, aos direitos das crianças e feministas se dizem “escandalizadas” com a associação feita entre o cigarro e o sexo, na mensagem dirigida aos jovens.
A campanha, lançada pela Associação Direitos dos Não Fumantes (DNF), tem como slogan “Fumar é ser escravo do tabaco”. O objetivo da organização é “mostrar que o fumo é uma submissão”.
Nas fotos que sugerem sexo oral, o órgão sexual masculino é sugerido pelo cigarro. Os cartazes poderão ser vistos em lugares tradicionalmente frequentados por jovens, como bares e discotecas.
Os publicitários que realizaram a campanha de prevenção reconhecem que o objetivo é chocar a opinião pública.
“Com o cigarro, somos submetidos à pior das submissões, à pior das escravidões. Procuramos a imagem chocante mais emblemática disso. A felação é o símbolo perfeito da submissão”, diz Marco de la Fuente, vice-presidente da agência BDDP, que realizou a campanha antifumo.

'Escandaloso'
Para Christiane Terry, representante da Associação Famílias da França, misturar o vício do fumo e o sexo “é um atalho ridículo e escandaloso”. Ela se diz preocupada “com o baixo nível para defender uma causa justa”.
Organizações ligadas à defesa dos direitos das crianças e adolescentes questionam as consequências que essas imagens podem ter sobre vítimas reais de abusos sexuais.
“Que eu saiba, uma felação não provoca câncer”, disse em entrevista ao jornal Le Parisien Antoinette Fouque, fundadora do Movimento para a Liberação das Mulheres.
“É escandaloso associar o vício do fumo à sexualidade, fazer um paralelo entre uma droga nociva e o desejo sexual. A conotação de violência sexual é inadmissível. É uma campanha sexista”, afirma Florence Montreynaud, presidente da associação feminista Chiennes de Garde.
O presidente da Associação Direitos dos Não Fumantes, Gérard Audureau, reitera que campanhas tradicionais não têm mais surtido efeito e que o consumo de cigarros continua aumentando entre os jovens na França.
“Dizer que o cigarro faz mal à saúde não funciona mais. Utilizar o sexo é uma maneira de atrair a atenção dos jovens. E se for preciso chocar, choquemos”, afirma Audureau.

Aumento
Segundo o Escritório Francês de Prevenção contra o Tabagismo, o índice de adolescentes fumantes na França aumentou, entre 2008 e 2009, de 5% para 8% na faixa etária de 14 anos e de 20% para 22% no caso de jovens de 17 anos.
Mas até mesmo autoridades na luta contra o tabagismo questionam a campanha da Direitos dos Não Fumantes.
“Ela vai chocar os adultos e não vai causar medo aos jovens”, diz Bertrand Dautzenberg, presidente do Escritório Francês de Prevenção contra o Tabagismo.
A Associação Famílias da França informou que irá prestar queixa junto a Autoridade de Regulação Profissional da Publicidade. Mas a entidade não tem poder para proibir a campanha, ela pode apenas sugerir a sua retirada.
As associações teriam de levar o caso a Justiça, mas nenhuma, até o momento, informou estar disposta a fazê-lo.
O Ministério da Saúde da França já havia lançado, em 2008, uma campanha de prevenção contra o álcool que mostrava jovens em uma festa na praia, vomitando, se afogando e sugeria violências sexuais decorrentes do excesso de bebida.

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