sábado, 27 de fevereiro de 2010

Grupo de policiais discutirá combate ao crack no País


Ricardo Balestreri, Secretário Nacional de Segurança Pública, anunciou hoje no Rio que o governo federal vai reunir um grupo de policiais de todo o País para discutir especificamente as formas de combate ao crack. "A polícia brasileira, com toda a boa intenção, não tem know-how para o combate ao crack", disse durante a reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Em um mês, esta força-tarefa reunindo policiais civis, militares e guardas municipais, começa a trabalhar.
Segundo ele, a polícia brasileira tem competência para combater o tráfico de cocaína. "O crack é o lixo da cocaína, mas tem que ser tratado de forma diferenciada. Ele tem características de distribuição diferentes de todas as outras drogas. Normalmente, no Brasil se vai a um ponto para comprar drogas. E o crack é diferente, é vendido nas ruas. Ele é capilar, está presente no conjunto da sociedade. É uma droga de venda pequena e de baixo valor, disseminado entre as classes populares", disse.
Balestreri explicou que nos Estados Unidos há uma queda na venda de crack. "Esta é uma droga que vicia e mata muito rápido. Os traficantes americanos chegaram à conclusão que é ruim para os negócios e por isso estão diminuindo a venda. Nós ainda não estamos nesta fase no Brasil. É preciso atuar fortemente na repressão. E ela não pode ser burra". Balestreri acredita que o consumo não está restrito a grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. "Ela está infiltrada nas pequenas cidades também. Estamos tendo uma verdadeira eliminação da nossa juventude. E temos dúvida sobre a possibilidade de tratamento, de recuperação. Por isso a repressão tem de ser inteligente".
Durante a reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, na sede do Viva Rio, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), divulgou uma nova vertente do uso de crack pelos traficantes cariocas. "Há suspeitas de que traficantes do Rio estão misturando crack à maconha vendida. Isso é muito grave", alertou. Este foi um dos argumentos de Teixeira na defesa de uma mudança na lei de drogas, diferenciando usuário de traficante e determinando penas diferentes para traficantes presos com pequenas quantidades e desarmados. "O consumo está aumentando e a qualidade da droga vendida está piorando, como esta suspeita de 'craquização' da maconha no Rio".
Além destas mudanças sugeridas por Teixeira, Ricardo Balestreri defendeu também um aumento dos gastos do governo federal com segurança pública. "Precisamos investir R$ 8 bilhões. Temos que focar nosso combate nas fronteiras e no grande traficante, sem esquecer de políticas de tratamento do usuário."

Márcia Vieira
Agencia Estado



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