segunda-feira, 12 de abril de 2010

Acusado de mandar matar Dorothy é julgado no Pará


Belém - Começou na manhã desta segunda-feira, no Fórum Criminal de Belém (PA) o julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura. Bida, como é conhecido, é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária americana Dorothy Mae Stang, em 2005, na localidade de Anapu, no sudoeste paraense, área de intensos conflitos agrários. A sessão, que deveria ter ocorrido no dia 31 de março, foi adiada porque o advogado do réu não compareceu na data prevista.
O advogado do réu, Eduardo Imbiriba, faltou novamente à sessão. Como determinado pela Justiça para evitar um novo adiamento, dois defensores públicos assumiram a defesa de Bida.
Cerca de duzentas pessoas participam de uma mobilização dos movimentos sociais para acompanhar o julgamento. São agricultores, alguns da região de Anapu, onde Dorothy vivia, que estão em vigília em frente ao Tribunal de Justiça. "Estamos fortes e determinados e acreditamos que será feita Justiça", diz a coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Virgínia Moraes.
Além do comitê e dos movimentos sociais, representantes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos também acompanham a sessão no Fórum Criminal de Belém.
O Comitê Dorothy e a Comissão Pastoral da Terra divulgaram nota de repúdio acusando a defesa de utilizar manobras para adiar o julgamento. "O crime contra Dorothy foi premeditado, ficando fartamente comprovada a participação de cada um de forma hierárquica: mandantes, intermediário e executores, cada um cumprindo seu papel na ação criminosa. A condenação de Vitalmiro e Regivaldo é um passo importante no combate à violência e impunidade no campo no Pará, Estado onde 62% dos crimes no campo nas últimas décadas sequer foram investigados e o único mandante condenado, que cumpre pena atrás das grades é Vitalmiro Bastos de Moura, conforme dados da CPT Pará", diz um trecho da nota.

Crime
Dorothy Stang foi morta a tiros na localidade de Anapu, no sudoeste paraense, em fevereiro de 2005. A localidade é palco de intensos conflitos agrários e é onde Stang desenvolvia trabalhos em prol da reforma agrária.
Cinco pessoas são acusadas de envolvimento na morte da missionária, sendo que apenas três foram condenadas. São elas Rayfran das Neves, Amair Feijoli e Clodoaldo Batista. Os outros suspeitos são o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, que chegou a ser condenado a 30 anos de reclusão, mas teve o julgamento anulado. O único suspeito que ainda não foi julgado é o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o "Taradão", que tem sua sessão marcada para o dia 30 de abril. Ele aguarda o julgamento em liberdade.


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