segunda-feira, 12 de abril de 2010

Corpos de jovens mortos em Luziânia começam a ser reconhecidos nesta segunda-feira


BRASÍLIA, GOIÂNIA, SÃO PAULO - Os corpos dos seis jovens mortos em Luziânia, Goiás, devem ser reconhecidos nesta segunda-feira por parentes. Se houver dúvidas, a polícia poderá recorrer a exames de DNA. O caso do desaparecimento dos garotos, todos moradores de um mesmo bairro, o Estrela D'Alva, num prazo inferior a um mês foi solucionado neste fim de semana com a prisão do pedreiro Admar Jesus da Silva, de 40 anos. Admar confessou os crimes. Neste domingo, ele foi transferido para Goiânia.
Admar cumpria pena no Distrito Federal por pedofilia. Havia sido condenado a 14 anos de prisão em 2005, mas desde 23 de janeiro obteve o benefício do regime semiaberto. Ficou atrás das grades por apenas 4 anos. A primeira morte ocorreu uma semana depois, no dia 30 de dezembro.
Segundo a polícia, um laudo psicológico do preso indicava que ele precisava de tratamento psicológico e tinha traços de psicopata. Para o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, houve falha no sistema prisional, embora ainda não seja possível determinar onde ocorreu a falha.
O pedreiro morava perto das vítimas, que matou a pauladas.
- Ele oferecia pequena quantia em dinheiro para que os menores, os adolescentes os acompanhassem para realizar um pequeno serviço e daquele pequeno serviço, a conversa evoluia para o contato sexual - diz o chefe da Policia Judiciária, Josuemas Vaz de Oliveira.
Admar indicou onde enterrou os corpos, num matagal à beira da Rodovia BR-040, entre Luziânia e Cristalina (GO). O local é parte de uma fazenda, num fundo de vale. Eles foram enterrados próximos uns dos outros, num raio de 30 metros. Dois dos corpos foram achados ainda no sábado e os outros quatro na manhã de domingo. O pedreiro demonstrou frieza ao falar dos crimes. De acordo com o delegado, o suspeito foi transferido para a cidade "por questões de segurança".
- O clima em Luziânia não é bom - disse ele.
Foram quase três meses e meio entre o primeiro assassinato e a prisão do pedreiro. Ele foi localizado porque o celular de uma das vítimas estava sendo usado por uma irmã dele. Depoimentos de outros adolescentes do bairro e colegas dos meninos mortos ajudaram a identificar o assassino.
No local foram apreendidas, segundo a polícia, duas bicicletas, que seriam das vítimas, e uma marreta, provavelmente utilizada no crime. De acordo com o delegado, o trabalho de busca foi acompanhado com comoção por familiares.
- É horrível saber que ele não vai voltar mais pra casa - revela Aldenira, mãe de Diego Alves Rodrigues, de 13 anos, o primeiro garoto a desaparecer.
A seguir sumiram Paulo Victor V.A. Lima, de 16 anos (no dia 4 de janeiro), George Rabelo dos Santos, de 17 anos (no dia 10 de janeiro), Divino Luiz Lopes, de 16 ano(no dia 13 de janeiro) e Flávio A. Fernandes, 14 anos (no dia 18 de janeiro). O último a desaparecer foi Márcio Luiz de Souza Lopes, um ajudande de serralheiro de 19anos, único maior de idade do grupo, no dia 23 de janeiro.
- A gente imaginou que Luziânia inteira ia fazer uma festa. E não um velório - conta Lúcia Maria de Souza Lopes, irmã de Márcio.
Os garotos desapareceram entre dezembro e janeiro. Em fevereiro, o secretário de Segurança Pública do estado recusou a ajuda da Polícia Federal nas investigações. A Polícia Federal só entrou no caso depois que a repercussão aumentou e após as intervenções do então ministro da Justiça, Tarso Genro, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Globo

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