sexta-feira, 16 de abril de 2010

Juiz que soltou maníaco de Luziânia diz que laudos não apontaram problemas psicológicos


O magistrado disse que Adimar Jesus da Silva apresentava “polidez e coerência”

O juiz Luiz Carlos de Miranda, que autorizou que Adimar Jesus da Silva - o maníaco de Luziânia (GO) - deixasse a cadeia, disse nesta sexta-feira (16), em Brasília, que os laudos psicológico e psiquiátrico não apontaram que ele tinha doença mental ou precisaria de acompanhamento psicológico.
- A avaliação psiquiátrica verificou que o apenado não demonstrava possuir doença mental nem precisava receber tratamento com medicamento. Já o laudo psicológico atestou que Adimar tinha bom comportamento dentro do sistema prisional e que ele sempre se apresentava com polidez e coerência, assumiu a prática do crime anterior e entendeu a gravidade do que cometeu.
Antes dos exames psicológico e psiquiátrico, realizados em 2009, Adimar fez um exame criminológico em 2008 que teria apontado indícios de psicopatia. Miranda foi questionado porque não pediu outros exames, já que os resultados dos exames criminológico, psicológico e psiquiátrico eram conflitantes.
- São exames diferentes e feitos em momentos diferentes, por isso não podem ser comparados. O laudo criminológico não pode apontar psicopatia porque não é feito para isso. Este exame simplesmente pede o laudo psicológico e psiquiátrico. Todos os trâmites do processo foram cumpridos e a lei foi executada. Infelizmente, só se conhece um psicopata depois que ele comete uma tragédia como esta.
Miranda disse ainda que sempre há o risco “de a pessoa cometer outro crime no futuro, em qualquer caso”.
- Infelizmente, quando esses meninos começaram a sumir todos nós sofremos, quem está fora do tribunal e quem está dentro também.
O juiz substituto e os seus colegas do tribunal defenderam a decisão de conceder a progressão de regime a Adimar. Ele ainda disse que fez “cumprir a lei” ao permitir a saída do maníaco da prisão.
Apesar disso, o magistrado afirma que se emociona com o caso e que, quando Adimar confessou os crimes, quis saber quem tinha assinado a decisão da progressão da pena.
- Eu fui procurar saber quem havia assinado a decisão. Infelizmente, tinha sido eu. Eu sigo e segui os princípios da legislação. Ela é falha? Sim, é falha.
O pedreiro Adimar Jesus da Silva confessou ter matado e estuprado seis jovens em Luziânia depois de passar a gozar de regime aberto em dezembro do ano passado. Ele cometeu os crimes entre dezembro e janeiro.
Miranda é juiz substituto da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e, ao lado de outro juiz, decide o destino de 8,5 mil presos no sistema carcerário do Distrito Federal (DF). Todos eles são atendidos por nove psicólogos e dois psiquiatras.


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