sábado, 17 de abril de 2010

Inocentes vítimas de uma sociedade sem amor


Egoísmo, falta de afeto, de comprometimento. Falta de amor. No final de março, o Brasil assistiu à condenação de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, pela morte da menina Isabella Nardoni, 6 anos, em 2008. Qualquer violação a integridade e a vida de uma criança choca. E causa muito mais comoção e revolta quando e praticada por quem deveria preservá-la.
E assusta muito mais quando é praticada por perto. Como no caso das meninas de 4 e 2 anos, jogadas da ponte em Nova Almeida, em Serra. Pelo próprio pai. Segundo o acusado, não tinha nada contra as pequenas. O "problema" foi a rejeição da ex-mulher. Que, segundo relatos, cansou de sofrer maus tratos.
Na tarde ensolarada desta quinta (14), a família se despediu, para sempre, das inocentes. Em Cariacica, uma mãe é suspeita de trocar a filha de três meses por R$120, um fogão e uma geladeira.
Essas duas tristes realidades marcaram a semana dos capixabas. E repercutiram em todo o país. Então, a vida vale pouco mais de cem reais e dois eletrodomésticos. E quantas vezes a vida vale menos que R$10 (preço de uma pedra de crack)?
Enquanto psiquiatras se incumbem de atestar a sanidade mental do pedreiro que acabou com a vida das filhas, enquanto a bebida, as drogas, o machismo e a violência destroem milhares de famílias, todos os dias, é preciso pensar e viver o amor. E o respeito pela vida humana.
O que significa "ter um filho"? Para muitas pessoas, além de doação, amor incondicional ... Uma dose extra de tarefas, preocupações, responsabilidades. A questão é quando duas pessoas realmente estão preparadas para assumir a maternidade/paternidade. Pois, um filho, é sentimento novo. É vida nova, uma nova vida.
Criança chora, criança quer atenção, criança precisa de educação, criança tem fome. Tem fome de amor. Como pensar a família, atualmente? Já dizem os estudiosos sociais que não importa como é constituída essa família. Se filhos convivem com pais divorciados, se os pais moram juntos, se a mãe ou o pai criam os filhos sozinhos, ou, se são criados por outras pessoas, como os avós. Não importa o "modelo" de núcleo familiar. Importa a inserção do traço do limite.
Mas, em tempos de relações tão superficiais, quantos estão preparados para se doar? Para se comprometer com os filhos, com as pessoas que colocaram no mundo. Afinal, cada um tem a parcela de responsabilidade. Que vai além, muito além, de "dar banho, comida e mandar estudar". Em um país com tantas misérias, para a realidade de boa parte da população, isso pode ate parecer 'muito'. Mas, falta envolvimento. E, geralmente, a responsabilidade recai sobre a figura da mulher. Além de trabalhar fora para sustentar a família, suportar violência física e psicológica, ainda é, cultural e unicamente, responsabilizada pela conduta e criação dos filhos.
Poucos questionam qual o papel do pai nesse contexto. Assim, aos poucos, morrem todos os dias milhares de crianças pelo Brasil - morre a infância. Mas, e quando a violência (física) extrapola a relação "homem x mulher" e se volta contra pessoas ainda mais indefesas: os filhos? Sem contar a violência psicológica que sofrem ao testemunhar agressões.
É preciso pensar políticas publicas mais eficazes, mais acesso a educação e a saúde. Todos têm direito de ter uma família, de ter seus filhos. Mas, temos a obrigação de trazê-los ao mundo, com amor e responsabilidade. Longe dos vícios, da miséria e mais perto do compromisso - tanto do poder publico, quanto dos pais. Quantos editoriais de ES Hoje já abordaram esta triste realidade? Pode até soar repetitivo. Mas, não há como calar diante de tanta violência. E cabe a cada um não permitir que isso se torne "lugar comum".


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