quinta-feira, 15 de abril de 2010

Vítimas de abuso fazem protesto na Alemanha

Manifestantes decoraram cruz com bonecas; cartaz com os dizeres "Em nome de Deus" faz provocação à Igreja

Protesto coincidiu com conversação entre o chefe da Igreja Católica no país e a ministra da Justiça para discutir o escândalo

Cerca de 200 alemães criados em abrigos, muitos dos quais abusados durante a infância em instituições dirigidas pela Igreja, marcharam por Berlim nesta quinta-feira (15) com faixas para chamar a atenção sobre a situação das vítimas.
O protesto coincidiu com as conversações entre o chefe da Igreja Católica na Alemanha, o arcebispo Robert Zollitsch, e a ministra da Justiça Sabine Leutheusser-Schnarrenberger para discutir o escândalo que abalou a Igreja.
"Dizemos: apareçam, façam os políticos acordarem para o fato de que estamos aqui", disse Dirk Friedrich, porta-voz do "Ehemalige Heimkinder". O grupo é formado por pessoas que passaram por uma série de abrigos, incluindo instituições dirigidas pela Igreja.
Alguns manifestantes seguravam cartazes e faixas com frases como "Abram os arquivos"; uma mulher segurava um cartaz que dizia "Tive de comer vômito".
Uma manifestante levava um crucifixo com bonecas pregadas a ele. Do lado, um boneco gigante vestido de freira segurava um crucifixo numa mão e um grande bastão na outra.
A questão é particularmente delicada na Alemanha porque o papa Bento 16, ex-cardeal Joseph Ratzinger, é alemão e era arcebispo de Munique na época em que um padre de sua arquidiocese, que estava em tratamento para abuso sexual, voltou ao trabalho.
O Vaticano negou que ele tenha se envolvido nessa decisão. O irmão do papa, o reverendo Georg Ratzinger, também admitiu ter dispensado punição corporal.
O grupo das ex-crianças de abrigo, que exige um pedido de desculpas e indenização, diz que há muito tenta fazer os políticos ouvirem os relatos de abuso, mas até agora não fizeram nada.
"Sabemos da escala das feridas espirituais e físicas há décadas e estamos surpresos da súbita promoção em torno do abuso sexual. Temos falado sobre isso há anos, mas ninguém se interessou", disse Friedrich.
Mais de 250 católicos alemães denunciaram supostos casos de abuso, ocorridos principalmente em escolas décadas atrás, somando-se aos escândalos em países como Irlanda, EUA e México.
Leutheusser-Schnarrenberger havia acusado a Igreja de não cooperar e demonstrar pouco interesse em esclarecer os casos. Zollitsch havia exigido que ele retirasse as declarações.
No entanto, na reunião de quinta, os dois concordaram em trabalhar juntos para lidar com o problema.
"Os dois lados concordaram que é prioridade da Igreja Católica e das autoridades governamentais - em cooperação estreita entre si e com as vítimas - tentar esclarecer totalmente os casos do passado de abuso sexual nas instituições da Igreja", afirmaram.


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