terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Cama na Varanda: Mudanças de comportamento


Rio - Não é nada fácil se aceitar um comportamento diferente do habitual. Mas mesmo assim, novos valores acabam sendo absorvidos com o tempo. Há algumas décadas, atendi no consultório um casal que ameaçou expulsar o filho de casa se ele não cortasse o cabelo. O motivo alegado foi inacreditável: diziam que cabelo comprido é anti-higiênico! Nem se davam conta de que a filha, também adolescente, usava o cabelo até a cintura e eles nem ligavam. Preconceito é assim mesmo, não tem lógica nem argumento. Ninguém pensa no que diz.
A intolerância que as modificações dos costumes provoca sempre fez vítimas. Até os anos 50, um homem querer ser ator de teatro, por exemplo, era inadmissível na família e ele acabava se formando em engenharia. Usar camisa colorida e, até mesmo, lavar a cabeça com xampu eram manchas indeléveis na virilidade. Mulher trabalhar fora, vestir calças compridas, dirigir automóvel, nem pensar. Mas a partir da década de 70 as mudanças foram muito mais profundas e radicais do que estas.
Entretanto, na relação homem-mulher existem alguns padrões de comportamento bastante arraigados às mentalidades. Como é difícil as pessoas aceitarem que a necessidade e o desejo sexual são iguais para ambos os sexos! A consequência disso é o homem, até hoje, só se sentir bem no papel de conquistador, ficando constrangido quando recebe uma cantada. Muitas mulheres continuam a reprimir a expressão dos seus desejos, levando para o sexo sentimentos de medo e culpa.
É evidente que a maioria delas ainda não rompeu com o mito da mulher passiva, que se faz bela e, como Branca de Neve, espera começar a viver só depois de ser beijada pelo príncipe. A atitude da mulher atual às vezes surpreende. Quando vai a uma festa e fica com um homem que a interessou, no dia seguinte fica grudada ao telefone, aguardando ser procurada por ele. Nem pensa em tomar a iniciativa
Mas como vivem as mulheres que não se sujeitam mais a esse script? Muitas vezes encontram dificuldades na troca amorosa. O homem acredita que cabe a ele, por ser homem, a proposta do encontro sexual. Se a mulher ignora isso e toma a iniciativa, ele se assusta com a sensação de não saber onde está pisando. Sente medo e, inseguro, imagina não poder corresponder à expectativa da parceira. Sem dúvida, o novo intimida, mas não há volta. É necessário que cada um busque uma saída para viver com mais satisfação. Que tal começar por perceber o sexo como fonte de prazer que depende da liberdade entre os parceiros para produzir uma força transformadora?

REGINA NAVARRO LINS


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