quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Educação sexual: saiba como falar abertamente sobre sexo em casa, com os pais


RIO - Há quem morra de vergonha de sequer pronunciar a palavra sexo perto dos pais. E há quem aprenda sobre masturbação, menstruação, primeira vez, DSTs, gravidez e muito mais com eles. Acredite, a galera deste segundo time está mais bem parada. Falar abertamente, sem tabus - e em casa - é o melhor caminho para desenvolver uma sexualidade sem noias, dizem especialistas.
- Se rola vergonha de abordar o assunto, procure um gancho no dia a dia, como uma cena de novela em que o pai flagrou a filha dormindo com o namorado em casa - ensina o sexólogo Marcos Ribeiro, consultor do Ministério da Saúde e da Unesco. - Se a timidez não deixar, comece explorando outros temas, para criar confiança.
Já imaginou sua mãe falando que não se importaria se você perdesse a virgindade? E se seu pai encomendasse um bolo para comemorar a sua primeira menstruação? Que tal se eles te comprassem camisinhas e ainda liberassem a casa para você e sua (seu) namorada(o)? Conheça as histórias de garotos e garotas que passaram por essas experiências - e, ao contrário de muita gente travada, acham tranquilo falar sobre isso.

Se tiver que acontecer...
Quando o namoro de Mariana Moraes, de 16 anos, começou a ficar sério, sua mãe, Edma, a chamou para conversar e mandou na lata: "Ficaria triste se você perdesse um braço, uma perna, mas não o hímen".
- Não posso impor a hora certa, mas quero acompanhá-la não apenas na parte física e médica, senão também na psicológica e emocional - explica Edma. - Se eles tiverem que transar, vão transar, mas acho que ainda é cedo...

Viva a menstruação!
Se normalmente é a mãe que acompanha a vida sexual da filha, no caso de Anna Paula Mendes foi um pouco diferente. Desde sua primeira menstruação, seu pai Ronaldo teve uma participação intensa na hora de informar a filha.
- Peguei um absorvente da mãe dela, coloquei na bolsa de maquiagem da Anna, e ela levou para a escola durante uns seis meses. - ri Ronaldo. - Quando aconteceu, comprei uma torta na doceria e fomos cantar parabéns.
No mesmo dia, o pai sentou com a menina para conversar sobre sexo.
- Ele perguntou se eu tinha alguma dúvida, e eu disse que não, por vergonha, mas ele continuou me explicando sobre masturbação, relações sexuais etc. - recorda Anna.
Ela fugiu do assunto até os 15 anos, quando começou a namorar. Hoje, aos 16, reconhece a importância do diálogo com o pai.
- Não achava que as meninas da minha idade faziam sexo, mas depois vi que não era uma realidade tão distante. Hoje me sinto pressionada pela maioria das minhas amigas que já perderam a virgindade - ela diz.
Ronaldo, que é presbítero evangélico, procura tranquilizá-la:
- Passo para a Anna que, quando acontecer, será uma coisa natural. Se ela se envolver com um menino, não vou ficar vigiando. Sei que vai depender muito da cabeça dos dois descobrir o que é o amor e o que eles querem.

Lauro Neto


O Globo

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