quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Haiti processa missionários dos EUA por sequestro de crianças após terremoto


Caso vai a juiz investigador, que decidirá se os 10 serão libertados.
Grupo tentava passar a fronteira dominicana com 33 crianças.

Os dez missionários americanos que tentaram deixar o Haiti com 33 crianças haitianas foram processados nesta quinta-feira (4) por sequestro de crianças e associação criminosa, segundo as autoridades haitianas.
Os dez integrantes de uma igreja batista baseada no estado americano do Idaho foram presos no último domingo, na fronteira entre o Haiti e a República Dominicana, quando tentavam passar a fronteira com 33 crianças que, segundo eles, haviam ficado órfãs por conta do terremoto que devastou o país em 12 de janeiro.
Mas, desde a prisão, algumas dessas crianças foram reclamadas por pessoas que disseram ser seus pais.
O subprocurador Jean Ferge Joseph disse que o caso será agora encaminhado para um juiz de instrução, que "pode libertá-los, mas pode também continuar a detê-los para novos procedimentos."
Logo após a prisão, os cinco homens e as cinco mulheres negaram ter cometido crime e disseram que não sabiam que estavam em situação irregular. Eles afirmaram que estavam apenas tentando ajudar as crianças.
O caso é diplomaticamente delicado, num momento em que os EUA lideram a enorme operação humanitária para ajudar centenas de milhares de sobreviventes do terremoto de 12 de janeiro, e enquanto ONGs norte-americanas despejam milhões de dólares em donativos para o Haiti.
As autoridades haitianas dizem que o grupo não tinha autorização para retirar as crianças do país, e aparentemente muitas delas não eram órfãs. A polícia haitiana disse que alguns pais admitiram ter entregado seus filhos aos missionários por acreditarem que as crianças teriam educação e uma vida melhor no exterior.
O governo haitiano endureceu as regras para a adoção de crianças desde o terremoto, por temer que pessoas inescrupulosas tentem se aproveitar da tragédia para se apossar de crianças vulneráveis.
Autoridades dizem que já houve relatos de tráfico de menores e até de órgãos humanos.

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