segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bullying: O drama de quem sofre em silêncio na escola

Timidez e insegurança fazem da criança um alvo fácil para os valentões

Rio - Você sabe o que o diretor Steven Spielberg, a modelo Gisele Bundchen e o jogador David Beckham têm em comum além da fama? Todos sofreram bullying na infância. Gisele era considerada ‘magrela’, Spielberg sofria preconceito por ser judeu e Beckham era chamado de “mulherzinha” por se recusar a beber e sair à noite.
Os famosos conseguiram deixar as perseguições no passado. Mas nas escolas, longe de holofotes, a história é bem diferente: o bullying é um dos principais problemas enfrentados por estudantes.
“É uma agressão intencional e contínua. Ocorre quando um grupo escolhe um aluno para humilhar, bater, roubar, xingar, sempre de forma a depreciar”, explica a educadora Tânia Zagury, autora do livro ‘Educar sem Culpa’. Segundo ela, os agressores são principalmente crianças de famílias desestruturadas, que não aprenderam a ter limites e são violentas.
“A vítima normalmente é tímida, tem poucos amigos, não sabe se colocar e tem medo de incomodar. Por isso se submete. Ela tem medo de contar aos pais, pois acha que a agressão pode piorar”, explica o psiquiatra infantil Fábio Barbirato.
Alguns “sintomas” indicam se a criança está sofrendo bullying: arranhões, queda no rendimento escolar, falta de vontade súbita de ir para a escola, objetos danificados ou desaparecidos são alguns. “Se os pais percebem mudanças no comportamento da criança, é preciso conversar, saber o que está acontecendo. Mas não devem colocar a criança contra a parede”, diz Tânia.
Tirar a criança da escola não resolve: “Só muda o problema de lugar”, afirma. Também não adianta forçar a barra, exigindo que a vítima se defenda. “A criança que sofre bullying não é agressiva, não consegue revidar. Se os pais exigem que ela dê o troco, ela pode se sentir mais diminuída”, diz Tânia. O ideal é por a boca no trombone — garantindo o anonimato da vítima. “Vá à escola, converse com professores, peça que fiquem de olho. Mas peça que não falem o nome da criança”, ensina.
Se a situação persistir, procure um psicólogo. “Crianças que sofrem bullying precisam aprender a se colocar. Isso evita depressão e que eles se tornem adultos submissos no futuro”, orienta Barbirato.


Clarissa Mello






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