Menos de dois quilômetros e quase 51 anos separam os pais de Tânia Maria Coelho Araújo de Neyde Maia Lopes. Tanto a família da menina de 4 anos quanto a responsável pelo crime que chocou o país ainda são assombradas pelas cenas daquele 30 de junho de 1960. Nesse dia, a Fera da Penha pegou um revólver 32, deu um tiro na nuca de Tânia e incendiou o seu corpo num matadouro de bois.
Mesmo depois da tragédia causada por sua amante, Antônio Couto Araújo continuou casado com Nilza Coelho Araújo. Fizeram bodas de ouro. Além de Solange, que já era nascida na época, tiveram outros três rebentos. Hoje são seis netos e dois bisnetos.
— Deus me levou uma, mas me deu mais três — conta Nilza, de 70 anos, na primeira vez em que fala sobre o assunto numa entrevista.
A única recordação palpável de Taninha é uma foto guardada na residência do casal de idosos. Antônio evita conversar sobre o crime. O assassinato é uma espécie de tabu para ele. Mas as lembranças não deixarão de existir. O aposentado fez aniversário na quinta-feira e evitou festa. Em meio à comoção pela morte da menina Lavínia Azeredo de Oliveira, em Caxias, em circunstâncias parecidas com as de Taninha, a dor volta a apertar na casa da família Araújo.
Sem perdão
— Estava conversando com umas amigas e comecei a chorar. São coisas que marcam muito. Mesmo que você queira esquecer, as pessoas não deixam. A humanidade é muito cruel — desabafa Nilza.
Num bairro vizinho ao dela, vive a Fera da Penha. Depois de cumprir 15 anos de prisão, Neyde deixou a cadeia. Morou com os pais, e vive só desde que eles morreram. O endereço dela é uma rua tranquila, onde ainda é possível jogar futebol sem se preocupar com carros. Reclusa, ela pouco sai de casa. A janela de seu apartamento, no segundo andar, costuma ficar fechada, mesmo sem ar-condicionado no imóvel.
Aos 72 anos, ela não conversa com os vizinhos e nunca foi vista acompanhada pelos moradores dos outros 15 apartamentos de seu prédio. Se para ela o destino reservou uma vida na sombra, como uma espécie de maldição pelo crime que cometeu, para Nilza, o tempo que Neyde passou na cadeia foi pouco.
— Ela não cumpriu a pena dela — afirma.
Romaria ao túmulo de Taninha
Quadra 21, carneiro 17. A funcionária do Cemitério de Inhaúma responde de pronto o local onde está enterrada a menina Taninha. Depois que foi assassinada, a garota passou a ser tratada como santa. Cinco décadas após o crime, sua sepultura continua atraindo fiéis em busca de milagres. Foto, flores, uma estatueta de São Jorge e até duas bonecas decoram o túmulo da garota. As placas de agradecimento pelas graças alcançadas estão por toda a parte. A última é do ano passado. No chão, os restos de cera comprovam que muitas velas ainda são acendidas para a menina.
— Tem um homem que vem sempre no Dia de Finados. Ele pinta e cuida do túmulo. Não sabemos quem é. Muita gente procura pela sepultura dela até hoje — conta uma funcionária do cemitério.
Há 13 anos, a família de Taninha não visita sua sepultura. Se para os parentes da criança ir ao cemitério é sinônimo de lembranças ruins, para alguns o túmulo da garota funciona como uma espécie de altar.
Mesmo depois da tragédia causada por sua amante, Antônio Couto Araújo continuou casado com Nilza Coelho Araújo. Fizeram bodas de ouro. Além de Solange, que já era nascida na época, tiveram outros três rebentos. Hoje são seis netos e dois bisnetos.
— Deus me levou uma, mas me deu mais três — conta Nilza, de 70 anos, na primeira vez em que fala sobre o assunto numa entrevista.
A única recordação palpável de Taninha é uma foto guardada na residência do casal de idosos. Antônio evita conversar sobre o crime. O assassinato é uma espécie de tabu para ele. Mas as lembranças não deixarão de existir. O aposentado fez aniversário na quinta-feira e evitou festa. Em meio à comoção pela morte da menina Lavínia Azeredo de Oliveira, em Caxias, em circunstâncias parecidas com as de Taninha, a dor volta a apertar na casa da família Araújo.
Sem perdão
— Estava conversando com umas amigas e comecei a chorar. São coisas que marcam muito. Mesmo que você queira esquecer, as pessoas não deixam. A humanidade é muito cruel — desabafa Nilza.
Num bairro vizinho ao dela, vive a Fera da Penha. Depois de cumprir 15 anos de prisão, Neyde deixou a cadeia. Morou com os pais, e vive só desde que eles morreram. O endereço dela é uma rua tranquila, onde ainda é possível jogar futebol sem se preocupar com carros. Reclusa, ela pouco sai de casa. A janela de seu apartamento, no segundo andar, costuma ficar fechada, mesmo sem ar-condicionado no imóvel.
Aos 72 anos, ela não conversa com os vizinhos e nunca foi vista acompanhada pelos moradores dos outros 15 apartamentos de seu prédio. Se para ela o destino reservou uma vida na sombra, como uma espécie de maldição pelo crime que cometeu, para Nilza, o tempo que Neyde passou na cadeia foi pouco.
— Ela não cumpriu a pena dela — afirma.
Romaria ao túmulo de Taninha
Quadra 21, carneiro 17. A funcionária do Cemitério de Inhaúma responde de pronto o local onde está enterrada a menina Taninha. Depois que foi assassinada, a garota passou a ser tratada como santa. Cinco décadas após o crime, sua sepultura continua atraindo fiéis em busca de milagres. Foto, flores, uma estatueta de São Jorge e até duas bonecas decoram o túmulo da garota. As placas de agradecimento pelas graças alcançadas estão por toda a parte. A última é do ano passado. No chão, os restos de cera comprovam que muitas velas ainda são acendidas para a menina.
— Tem um homem que vem sempre no Dia de Finados. Ele pinta e cuida do túmulo. Não sabemos quem é. Muita gente procura pela sepultura dela até hoje — conta uma funcionária do cemitério.
Há 13 anos, a família de Taninha não visita sua sepultura. Se para os parentes da criança ir ao cemitério é sinônimo de lembranças ruins, para alguns o túmulo da garota funciona como uma espécie de altar.
essa mulher é muito "valente" ! simone
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