sexta-feira, 4 de março de 2011

Polícia investiga se médica do caso Joanna contratou outros estudantes

Falso médico escondeu o rosto e se esquivou das fotos durante o depoimento desta sexta-feira

Polícia investigará hospitais onde o falso médico Alex Sandro, trabalhou
A polícia civil vai investigar os hospitais Memorial e Cemeru, na zona oeste do Rio, onde o estudante de medicina Alex Sandro da Cunha Silva, que atendeu a menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, atuou como médico entre outubro de 2009 e julho de 2010. A suspeita é que haja outros casos de estudantes trabalhando como médico.
Segundo o delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública, as informações dadas por Silva nesta sexta-feira (4) podem revelar um esquema de contratação de estudantes. Ele contou ao delegado que soube da possibilidade de trabalhar como médico com a pediatra Sarita Fernandes Pereira por meio de colegas da faculdade.
- Possivelmente, há uma suspeita de que outros estudantes também participem desse esquema.
A médica Sarita deverá ser intimada a prestar depoimento após o feriado de Carnaval.

Entenda o caso
O estudante se apresentou na última segunda-feira (28) à Delegacia de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele estava foragido desde agosto de 2010, quando teve a prisão preventiva decretada.
Contratado pela médica Sarita Fernandes Pereira, Silva atendeu a criança no hospital Rio Mar, na zona oeste do Rio, e lhe deu alta quando ela ainda estava desacordada.
O réu também foi denunciado pelo mesmo crime em relação a todas as vítimas não identificadas atendidas no mês de julho de 2010 na emergência do hospital.
Nesta terça-feira (1º), o juiz Alberto Fraga manteve a prisão preventiva do falso médico. O advogado do estudante entrou com pedido de revogação da prisão, que foi negado. Ainda assim, Edson Ferreira vai entrar com recurso para que seu cliente responda ao processo em liberdade.
Silva, que prestou depoimento no 3º Tribunal do Júri, na terça, responde por vários crimes, entre eles exercício ilegal da medicina, estelionato e uso de documento falso.
Ele disse que a médica Sarita Fernandes Pereira foi quem o contratou e não o hospital, como a pediatra havia informado. O estudante disse ainda que Sarita sabia o tempo todo da condição de acadêmico dele.
Ainda em depoimento, ele esclareceu que foi o pai de Joanna, André Marins, quem a retirou do hospital no dia em que ela foi internada e deveria permanecer em observação. Alex Sandro afirmou também que, após a morte da menina, Sarita telefonou várias vezes, sugerindo até que ele deixasse o país, indo morar em países como Espanha e Portugal.

Caso Joanna
A menina Joanna, que teria sido vítima de maus-tratos, morreu no CTI do hospital Amiu, em Botafogo, na zona sul do Rio. Ela foi internada na unidade depois de passar por dois hospitais em Jacarepaguá e na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Além de ter tido várias convulsões, ela apresentava hematomas nas pernas e marcas nas nádegas e no tórax, que aparentavam queimaduras.
A mãe da criança, a médica Cristiane, acusa o pai da menina, que tinha a guarda dela na época, de maus-tratos. Marins nega e atribui os ferimentos a sucessivas crises de convulsão.
Durante as investigações da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, foi descoberto que, além dos maus-tratos, a criança tinha sido atendida por um falso médico no hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca. Ela ficou 28 dias internada no hospital Amiu. A polícia investiga os maus-tratos e o erro médico.
Marins está preso desde 25 de outubro de 2010 sob acusação de tortura e homicídio qualificado. Vanessa Maia, madrasta de Joanna, responde o mesmo processo em liberdade.
Três audiências sobre o processo contra o pai da menina já foram realizadas. Na última, realizada no dia 7 de fevereiro, o pai da menina falou pela primeira vez. Ele se defendeu das acusações e disse que amarrava a menina sob orientação de psicólogos.


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