segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Transporte escolar ruim compromete segurança e aumenta evasão de alunos


RIO e FORTALEZA - No mês da volta às aulas, o caminho é de obstáculos para boa parte dos 4,9 milhões de estudantes da rede pública brasileira que dependem de transporte escolar. Veículos sem manutenção, ônibus que quebram e viagens longas que cobrem mais de uma região desestimulam os estudantes. Entre os alunos, a viagem é acompanhada por uma incerteza: a frequência nas aulas.
A precariedade do serviço é apontada pela União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime) como fator determinante para a evasão escolar. Os municípios reclamam da falta de recursos para melhorias. Cada aluno custa por ano, em média, R$ 876, mas as prefeituras recebem do governo federal R$ 145, em média. A ajuda por parte dos estados também é insuficiente. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), quando há recursos estaduais, somados aos federais, o montante não paga mais que 30% das despesas.
Para cobrir a diferença nos custos de transporte - calculada pela CNM em R$ 1,2 bilhão ao ano - , os municípios deixaram de renovar a frota periodicamente. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, alerta que a manutenção de ônibus, Kombis e vans tem sido prejudicada. Não é difícil encontrar veículos com pneus carecas e sem equipamentos exigidos por lei, como cintos de segurança. A situação é pior no Nordeste, onde a idade média da frota supera 19 anos. A dificuldade enfrentada pelos estudantes para chegar até a escola se reflete em números. A evasão escolar chega a 11,4% nas séries iniciais do ensino fundamental e 15% nas finais, enquanto a média nacional é de 7,4% e 14,1%, respectivamente.
Apesar de o governo do Ceará ter transferido R$ 30 milhões para as prefeituras em 2010 para a ajuda no custeio do transporte de alunos do ensino médio, a qualidade do serviço é reprovada na maioria dos 184 municípios. Nos últimos dois anos, oito pessoas morreram em acidentes com veículos escolares públicos no Ceará. Em Limoeiro do Norte, a 194 quilômetros da capital, uma criança de 2 anos morreu ao cair de um buraco no piso de um ônibus.


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