quinta-feira, 21 de maio de 2009

Caso Goldman: As lembranças que vó Ellie tem de Sean

O abraço apertado no último encontro de Sean com Elleonor, mãe de David Goldman, dias antes do garoto ir para o Brasil em 2004. A separação pegou vó Ellie de surpresa.

Resolvi imitar uma revista brasileira, que publicou uma matéria com apenas um lado do caso Goldman porque “ninguém conhecia a família brasileira.”


Você já ouviu falar de Elleonor Goldman, a avó americana de Sean que está sendo privada do convívio com o neto há quase 5 anos? Pois é, este post é para apresentá-la. Na verdade, melhor do que eu apresentá-la seria que você a conhecesse através das palavras de carinho que “Ellie” enviou a Sean. A carta a seguir foi publicada em março na revista “Marie Claire” brasileira.

Apesar da separação forçada, Ellie só tem palavras amigas para a família brasileira.

“Amava a sua mãe, ela era a mulher do seu pai, minha nora... ... penso que sua mãe é a estrela mais brilhante que você encontra no céu,” disse ela.

“Querido Sean,
É a vovó Ellie que manda lembranças. Faz muito tempo que falei com você. Tenho enviado cartões para dizer o quanto sinto sua falta e também alguns cartões de Valentine's Day [Dia de São Valentim, celebrado em fevereiro nos Estados Unidos, para comemorar as relações de afeto]. Daqui a pouco, vou mandar cartões de aniversário para comemorar os seus 9 anos. Outro dia vi uma foto sua ao lado de seu pai, David. Você está tão alto, já na altura do ombro dele. Deve estar do meu tamanho! Seu pai me disse que o visitou duas vezes e que vocês conversaram e brincaram juntos. Ele gostou muito do tempo que passou com você. Disse que você joga basquete muito bem. Espero que ele tenha mandado um grande beijo meu.
Sean, sinto falta dos nossos abraços, dos beijos e de brincarmos juntos. Gostava de empurrar você no balanço da árvore em frente à "Casa Sean", como você chamava a sua casa aqui em Nova Jersey. Eu me lembro de quando estávamos no carro e passávamos pela sua rua, em frente à sua casa, e você sempre se empolgava ao ver a "Casa Sean". Depois dizia: "There it is, Casa Sean!" ["Olha lá, a Casa Sean!"]. Você gostava tanto de se balançar naquele balanço que, às vezes, ficava cansada de tanto o empurrar... Você não queria parar nunca!
Recebi outro dia uma ligação da sra. Bobbi, a diretora da sua escola. Ela queria saber como você está e falou que os seus professores esperam por notícias suas. Eles mandam todo o carinho deles para você. A sra. Bobbi se lembrou dos dias em que eu o levava para a escola... Quando ela abria a porta, você se escondia atrás de mim e depois corria, dando uma volta, para tentar assustá-la. Ela me disse que você sempre a assustava! Os professores falaram que você era um bom menino e tinha muitos amigos. Eles também disseram que você era muito bom nos projetos de arte.
Sinto falta de quando fazíamos churrascos em sua casa. Quando isso acontecia, a vovó chamava a sua casa de churrascaria. A gente se divertia muito, e eu fazia o seu prato de massa favorito e levava também milho cozido, de que você gostava bastante. Adorava quando ia me encontrar com você, seu pai e sua mãe para tomarmos café da manhã em algum lugar fora de casa. Amava a sua mãe, ela era a mulher do seu pai, minha nora. Fiquei muito triste com tudo o que aconteceu. Eu me lembro dela falando com você sobre sua nonna, a vovó Silvana. Ela dizia que quando sua nonna fosse para o céu, ela se tornaria uma estrela. Eu agora, então, penso que sua mãe é a estrela mais brilhante que você encontra no céu.
Os seus primos Coltrane e Adison também sentem sua falta. Eles não se esquecem das festas de aniversário e falam até hoje de uma em que você se vestiu de pirata. Falam também de uma outra em que você apareceu como um dos personagens do desenho "Os Incríveis." Eles ainda não se esquecem de como você gostava de brincar na piscina.
Estive no Brasil, no Rio, uma vez para tentar ver você, mas as coisas ficaram difíceis e complicadas. Então, não consegui. Espero do fundo do meu coração vê-lo em breve quando todas as complicações terminarem para, então, lhe dar muitos abraços. Você era tão pequeninho, mas agora está enorme. Está alto e forte e se parece bastante com o David quando menino.

Beijos e abraços, amo você, Vovó Ellie.”

Na verdade, eu não seria capaz de seguir o “modelo” da revista.

Agora, leia a carta com a vovó brasileira de Sean... e tire suas próprias conclusões.

Meu filho querido,
Tenho um orgulho imenso de ser a sua avó. Sei que está assustado e com medo de ser arrancado daqui. Você é o meu primeiro neto, eu o vi nascer. Temos uma ligação forte, você é minha continuação, é a continuação de sua mãe. Sei que, se for por sua vontade, não corro o risco de perdê-lo. Só que também tenho medo. Depois que sua mãe morreu, que era uma coisa tão impossível e distante, tudo pode acontecer com a gente. Do fundo do meu coração, quero o melhor para você. E, para mim, o melhor é você ficar comigo. Sei que está feliz, que sabe que é o meu filho agora.
São muitas as lembranças, Sean. Quando sua mãe engravidou de você, ela estava apaixonada. A notícia me pegou de surpresa, confesso, mas me deixou feliz. Eu ia ter um neto e chegou você, um bebê forte, comprido, comilão. Durante os quatro anos em que viveu nos Estados Unidos, nós nos víamos a cada dois meses. Largava tudo aqui no Rio para matar a saudade que sentia de você e da Bruna. E, cada vez que eu chegava lá, era uma surpresa. Lembro como se fosse hoje o dia em que você me chamou de nonna [avó, em italiano]. A gente também se falava todos os dias pelo telefone, mesmo quando você era só um bebê. Eu não queria que se esquecesse de mim, da minha voz.
Depois, vocês vieram para minha casa... Sean, não houve sequestro. Você veio para o Brasil com a autorização do David. A acusação que fazem é mentirosa. Quando Bruna decidiu ficar aqui, era um passo sério, mas a nonna não podia ir contra o desejo de sua mãe tentar ser feliz. O casamento dela não ia bem, Bruna vivia com um homem com quem ela não tinha mais afinidades, entende? Ela era jovem, queria refazer a vida aqui no Rio. Eu fiz o que qualquer mãe faria. Apoiei a decisão dela e acolhi vocês dois.
No início, você perguntava por David e seus familiares americanos. Eles também telefonavam, mandavam e-mails, caixas de presentinhos. Mas seu pai nunca veio procurá-lo por uma estratégia dos advogados dele e, aos poucos, criou-se uma lacuna enorme entre vocês dois. O laço foi se desfazendo. Sua mãe tinha adoração por você. Era uma relação de alegria, felicidade. E, evidentemente, ela não largaria você de forma alguma. Bruna conseguiu, em todas as instâncias da lei, a sua guarda. Você conhece bem essa história, Sean.
O tempo passou, e Bruna vivia um período feliz. Tinha encontrado o marido que queria, um sujeito afetuoso, um homem amoroso. João Paulo [o advogado João Paulo Lins e Silva] é uma pessoa com moral, que adorava sua mãe e assumiu você como se fosse filho dele desde o início. E você, Sean, o assumiu como seu pai. Foi uma coisa eleita, uma coisa do coração, da sua alma.
A nonna estava feliz com vocês por perto, vendo você crescer, andando pela casa, fofo, falante, sorridente. Gostaria de me lembrar só disso, mas agora não dá. Estamos vivendo um pesadelo desde o dia em que sua mãe morreu. Você ainda a viu na maternidade, com Chiara nos braços... Mas ela passou mal, era uma ruptura de útero que não foi diagnosticada a tempo. Sofreu hemorragias enormes e não resistiu. Foi a nonna que contou essa tragédia para você e foi o pior momento de toda a minha vida. Além da dor, minha maior preocupação era que você não se sentisse abandonado, rejeitado. E você não está. Você tem a mim, ao seu avô, à sua irmã, Chiara, e ao seu pai, João Paulo.
Sei que é uma tragédia. Não bastasse isso, agora você virou um troféu. David apareceu depois da morte de sua mãe, depois de cinco anos sem ter contato físico com você. Ele apareceu para dizer que vai levá-lo embora, que tem o mesmo sangue que você. Nunca imaginei viver essa situação. Estou chocada, Sean, porque você é uma criança que tem alma e uma ligação com o Brasil. Rezo para que não exista gente desumana que vá analisar o caso dessa forma, como se você fosse um troféu.
Eu sinto muito falta da Bruna e fico triste quando você chora ao pensar nela. É horrível porque, dessa vez, não posso remediar a situação. Também foi uma perda enorme para mim. O que me dá forças é ver você e sua irmã, Chiara, juntos. Você a adora, eu sei! Quando está na escola, ela olha as suas fotografias que estão no porta-retrato da sala. Outro dia, chorei quando ouvi de você: "Nonna, se me separarem de vocês e da Chiara, acho que vou ficar maluco". Sean, eu sou uma avó italiana, sou a nonna. Nunca vou abandonar você e sua irmã. Termino minha carta aqui, filho, desejando que você possa ter paz e tranquilidade para se tornar um homem bom. Jamais esqueça que a nonna o adora. É simples e é essa toda a sinceridade que tenho por você.

Da sua nonna, Silvana


Brasil com Z

3 comentários:

  1. gente, quando li a carta da avó americana, sinceramente, só senti falsidade...quando li a carta da nonna sean, estou aqui aos prantos, chorando muito. consigo sentir a tristeza dessa avó, que já se não bastasse perdeu sua filha de uma forma inesperada e devastadora ainda perdeu seu "filho" para um pai simplesmente erguê-lo como trofeu, que de pai só tem mesmo o sangue, que tipo de pai fica sem ver o filho por 5 anos? E também não mantem contato constante? Sean tem que ficar BRASIL (com s), onde está sua casa, seus avos, sua irma e seu verdadeiro pai. È um absurdo o que o ministro está fazendo essa criança passar, que Deus ilumine ele, e que consiga ser feliz de alguma maneira, estou torcendo por isso. E muita força para sua vó,vô,tio, e "pai". Justiça tarda, mas não falha, espero que esse pesadelo acabe para essa família, trazendo Sean de volta!

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    1. O ministro determinou a devolução de Sean aos EUA devido a 1 ação financeira movida aí pelos EUA, eles ameaçaram vetar 1 negócio aó trilionário para o Brasil que afundaria mais ainda esta merda, por isso o minstro por medo, coação pq é 1 covarde burro e sem escrúpulos, pq pra mim quem cede a pressão nem homem é, e falta de saber liderar o cargo que ocupa devolveu o menino aos EUA, pra evitar a sanção ameaçada pelos EUA. Senão por motivo de sempre o Brasil estar nem aí com nd e td seguir como bm manda o curso das coisas: levando... o menino estaria ainda aki no Brasil com a avó dele.

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  2. Susyara diz:

    Tem que se pesar todos os lados...Sean não pediu para se afastar da familia americana quando tinha cinco anos de idade, assim como não pediu para se separar da familia brasileira com nove anos. São duas familias de costumes diferentes...pais diferente...vivo a mesma situação...morava com minha tia Luciene, meu primo Jefferson e seu Pai Carlos. Quando Jerferson estava com 3 anos de idade, minha tia engravidou da princesa Debora Evylin. Apos o parto (mais precisamente 4 dias) teve uma raiva muito grande do marido e veio a falecer, eclanpse. Carlos retirou os dois meninos de perto de mim. Sua familia contribuiu muito pra isso. Uns vinte dias apos o falecin=mento de Nena(como eu chamava minha tia) Jeferson foi ao psicologo, devido ao seu comportamento e o mesmo perguntou a Carlos se tinha alguem que ele gostava muito assim como a mãe, Carlos respondeu que tinha eu. O psicologo pediu para que n tirasse o garoto de perto de mim. Mais ele fez. Hoje Jerferson com quase 15 anos e Debora com 11. Debora é muitada a mim. Mas sino ligto o afastamento de Jerferson, que passou a ter muito contato com a familia paterna e comigo só depois de muitas bragas e insitenscia minha e de minha mãe, que via meu sofrimento.
    Resumindo, voltando a Sean, ele deve ter contato com as duas familias, pois ele gosta dos dois. Nao deve ser um ou outro, pois o que deve contar é o coração dele.
    Espero que a familia amricana reconquiste o carinho dele e que a familia brasileira nunca seja esquecida pelo mesmo. O que Sean mais precisa é de carinho. Oro ao Senhor por ele, assim como oro pelos meus bebes (Jerfson e Debora)

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