sábado, 23 de maio de 2009

Queda de bimotor em Trancoso, no Sul da Bahia, mata três gerações de uma mesma família, a do empresário Roger Wright

SALVADOR e SÃO PAULO - Três gerações da família Wright morreram no acidente com o avião bimotor King Air 250 ocorrido na noite de sexta-feira em Trancoso, no Sul da Bahia. O bimotor caiu a 150 metros da cabeceira da pista de pouso do condomínio Terravista e explodiu. Quatorze pessoas morreram, entre elas quatro crianças. O número foi confirmado pelo coronel Henry Munhoz, da Aeronáutica , que acompanhou a retirada dos corpos dos destroços. Todos morreram carbonizados.
A aeronave levava o empresário Roger Wright, ex-sócio do Banco Garantia e dono da Arsenal Investimentos, a mulher dele, Lucília Carvalho Lins, além de filhos e netos do empresário. Todos iriam passar o fim de semana no condomínio, que é vizinho ao Club Med . As outras mortes confirmadas são de Felipe Luchsinger Wright e Verônica Luchsinger Wright Faro, filhos do empresário; de três netos de Wright e uma de Lucília; e mais a de Heloísa Alqueres Vaz Wright e de Rodrigo de Mello Faro, nora e genro do empresário.
Vera Lúcia Mércio, tia-avó do empresário; a babá Rosangela Pereira Barbosa; o piloto Jorge Lang Filho, de 56 anos; e o copiloto Nelson Caminha Affonseca também morreram no acidente.
As quatro crianças foram identificadas: Vitória e Gabriel Wright Faro (filhos de Verônica e Rodrigo), o bebê Francisco Alqueres Vaz Wright, de apenas 6 meses, filho de Felipe e Heloísa - a nora de Roger era filha do presidente da Light, a companhia de energia do Rio de Janeiro, José Luiz Alqueres. A quarta criança é Nina Pinheiro, filha de Isabela Pinheiro, do primeiro casamento de Lucília.
Os corpos estão sendo levados para o IML de Salvador, onde serão identificados por exames de DNA e da arcada dentária.
A família Wright já havia sido abalada uma vez por um acidente aéreo. A primeira mulher de Wright, Barbara Cecilia Luchsinger Wright, foi uma das vítimas do acidente com o Fokker 100 da TAM, em 1996, que matou 99 pessoas em São Paulo. Piloto conhecia pista em Trancoso
O bimotor havia decolado do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta de 18h30m, caiu e explodiu durante o procedimento de pouso na pista de Trancoso, que tem 1.500 metros e é exclusiva para aeronaves de executivos. Os bombeiros levaram mais de duas horas para controlar o fogo.
O piloto Jorge Lang Filho já havia pousado várias vezes no aeroporto privativo do condomínio. Pouco antes da explosão, havia pedido permissão para pouso à torre.
A aeronave, de fabricação americana, é considerada muito segura e teria passado por inspeções de segurança recentemente.
Não há confirmação de que a chuva que caía na região tenha provocado o acidente ou qualquer evento relacionado a mau tempo, mas nada está descartado. Segundo o aeroporto, as condições de voo eram consideradas normais na hora do acidente.
- As condições eram totalmente operacionais, visuais, com balizamento na pista, controle de aproximação visual luminoso. O próprio comandante, por rádio, nos comunicou que tinha visão na pista. Não temos explicação - afirmou Orlando Martinez, diretor do aeroporto.
Testes visuais foram feitos na pista num avião da Força Aérea e técnicos do DCEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo simularam vários pousos e não foi detectado nenhum problema de visibilidade na pista. Avião poderia estar com mais passageiros que o permitido
A caixa preta do avião foi encontrada na tarde deste sábado e será periciada pela Aeronáutica. As causas do acidente serão investigadas, mas o bimotor pode ter decolado irregularmente de Congonhas.
A aeronave pode ter decolado com mais passageiros do que a capacidade recomendada pelo fabricante da aeronave.
O modelo, em sua versão original, tem nove assentos para passageiros, além de piloto e copiloto, de acordo com a fabricante. A aeronave acidentada estaria transportanto 11 adultos e quatro crianças.
Para o comandante Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, se isso ocorreu, a aeronave deixou Congonhas em situação "ilegal".
- Essa situação, por si só, não explica o acidente, porque essa aeronave tem sobra de potência. Mas é ilegal e deve-se sempre respeitar as regras da aviação - disse, ressaltando que o aeroporto do condomínio a que o avião se dirigia não é fiscalizado. - Nosso objetivo é fazer uma investigação para fins de prevenção. Provavelmente, haverá também uma investigação paralela da polícia para fins penais - afirmou o tenente-coronel aviador João Bieniek, integrante da equipe que vai investigar as causas do acidente.
Roger Ian Wright formou-se em Administração na Wharton School, na Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos. Atualmente, era sócio fundador da Arsenal Investimentos. Foi sócio do Banco de Investimentos Garantia, e posteriormente, do Conselho de Administração do Credit Suisse First Boston Garantia. Entre os amigos, Wright era conhecido como um grande apreciador de arte, dono de uma das mais importantes coleções de pop-art brasileira.


O Globo On Line

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