sexta-feira, 22 de maio de 2009

Meninas atingem a puberdade cada vez mais cedo

Um estudo feito pela Universidade de Copenhagen (Dinamarca), e recém-publicado na revista "Pediatrics", revela que as meninas estão amadurecendo cada vez mais rápido. Por trás de sinais externos, como trocar as bonecas por conversas via computador e passeios autônomos no shopping, há um processo que comanda uma enxurrada hormonal capaz de disparar o desenvolvimento das características sexuais secundárias, que inclui o crescimento dos pelos e das mamas e a chegada da primeira menstruação. Segundo pesquisadores, esse fenômeno está sendo antecipado, em média, em um ano. A idade média do desenvolvimento dos seios baixou de 10,88 anos, entre 1991 e 1993, para 9,86, entre 2006 de 2008, período em que os autores acompanharam mais de 2 mil garotas entre cinco e 20 anos de idade. A ginecologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Albertina Duarte, conta que, em 1971, a primeira menstruação era aos 13,2 anos. Passados quase trinta anos, em 1999, a faixa etária caiu para 12,1. “Sabe-se que o desenvolvimento dos seios se dá cerca de dois anos antes do primeiro fluxo de sangue”, explica. Conforme o hebeatra Maurício de Souza Lima, a chamada aceleração secular do crescimento que vem acontecendo ao longo dos anos é a antecipação dos parâmetros da puberdade. "Há uma antecipação de três ou quatro meses a cada década. Sabe-se, por exemplo, que, no ano de 1900, a primeira menstruação acontecia por volta dos 15 anos”, conta. A puberdade precoce envolve o aparecimento dos caracteres sexuais secundários antes dos sete ou oito anos de idade. Algumas características da vida moderna estão por trás desse fenômeno. Pesquisas com animais mostram que estímulos como luz e som, por exemplo, ativam o eixo hipotálamo-hipófise, que dispara a produção dos hormônios sexuais. Conforme Albertina Duarte, as crianças assistem mais à TV, ouvem mais música, são bem mais estimuladas atualmente. De acordo com a hebeatra do Serviço de Saúde do Adolescente do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, em São Paulo, Debora Gejer, acredita-se, no entanto, que a grande responsável pelo fenômeno seja a mudança nos padrões alimentares. "Hoje temos melhores condições de vida. Isso permite que o corpo atinja mais cedo o nível ótimo de desenvolvimento para entrar na puberdade. Não à toa, crianças desnutridas ou com alguma doença crônica mal controlada, como diabetes ou hipotireoidismo, costumam menstruar mais tarde”, explica.

Por: Gabriela Cupani
Para: Folha de São Paulo
Quadro: Puberdade - Edward Munch

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