quinta-feira, 21 de maio de 2009

Laudo comprova escoriações graves em preso que denunciou tortura no Espírito Santo


Um exame de lesões corporais feito no Departamento Médico Legal (DML) da Polícia Civil do Espírito Santo comprovou que William Furtado, de 24 anos, condenado por matar um policial quando tinha 18 anos e preso na Casa de Custódia de Viana, foi duramente agredido nas dependências do presídio no dia 11 de maio deste ano. A família do preso alega que ele foi torturado por policiais como um revide ao crime cometido.
O laudo, assinado pelo médico legista Ademilson Bernardina, cita a existência de “mais de 50 contusões com equimoses de formas diversas em todo o dorso e região lombar” do corpo do detento, provocadas por “instrumento contundente”, mas evita confirmar que as lesões tenham sido resultado de tortura.
Com base nesse exame, a mulher de William, Priscila de Oliveira, pretende ir às últimas consequências para buscar uma indenização e punir os responsáveis. O marido foi transferido para um presídio mais seguro .
“Minha intenção não é pelo dinheiro, mas para que isso acabe. Se alguém não correr atrás, vão continuar batendo, espancando e vai ficar por isso mesmo”, afirmou Priscila. Ela reconhece que o marido cometeu um crime grave, mas diz que a obrigação do estado é prepará-lo para não reincidir na prática, sem torturá-lo na prisão.
“Eu não quero que o pai do meu filho [ um garoto de quatro anos], que assassinou um, saia de lá e mate três, quatro, cinco, seis ou sete. Quero meu marido fora de lá mudado e reabilitado para cuidar do filho dele. Do jeito que está, vai sair sem amor a ninguém”, argumentou. “Sempre bateram nele, mas nunca foi tão sério quanto dessa vez. Ficou todo lesionado nas costas, no joelho no rosto e no peitoral”, acrescentou.
Questionado sobre a denúncia, o secretário de Justiça do Espírito Santo, Ângelo Roncalli, disse que a Corregedoria da Polícia Militar vai investigar o caso com acompanhamento do Ministério Público. Roncalli garantiu que o governo não tentará acobertar qualquer ocorrência de maus-tratos a presos, mas ressalvou que situações de tortura “lamentavelmente” não acontecem à luz do dia, o que dificulta a identificação dos responsáveis.

Por: Marco Antonio Soalheiro
Agência Brasil

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