segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Crianças estão mais inteligentes e sensíveis, atestam especialistas


“Reparou na inocência cruel das criancinhas, com seus comentários desconcertantes? Adivinham tudo. E sabem que a vida é bela.” Assim o poeta Cazuza declamava sobre a elevada percepção do mundo ao redor e espontaneidade das crianças que deixavam o queixo dos adultos no chão, ainda durante a distante década de 1980.
Mas se o compositor, que morreu em 1990, estivesse entre nós hoje, o que diria da alta sensibilidade e rapidez de raciocínio demonstrada por uma grande turma de meninas e meninos da nova geração?
Perspicazes, inquietas e, mais do que nunca, sedentas por absorver a maior quantidade de explicações possível, as crianças de hoje em dia estão ainda mais antenadas e, definitivamente, com o desenvolvimento intelectual em ritmo acelerado.
Dissecada por diversas teorias - espirituais inclusive -, a sapiência das crianças intriga e, acima de tudo, desafia os adultos, que, desnorteados, apelam aos especialistas para, ao menos, tentar entender o porquê do descontentamento dos filhos com um livro de figuras em troca da atenção dos pais, ou saber a razão pela qual respostas, como “foi a cegonha que trouxe”, já não colam mais, ao menos tão facilmente.
Segundo os especialistas, não existe uma definição concreta para o fenômeno de crianças virem ao mundo mais sensitivas em comparação aos pequenos das décadas anteriores. “É um assunto controvertido no ponto de vista da ciência”, observa a psicóloga Maria Ivone Marchi Costa.
De consensual, afirmam especialistas, o que existe é, justamente, a falta de unanimidade sobre o assunto. “Opiniões sobre diagnóstico e intervenção são divergentes em suas várias vertentes”, frisa a terapeuta.
Quando se fala em tratamento não se busca “diminuir” a capacidade de compreensão ou até mesmo grau de inteligência das crianças, mas sim conter alguns reflexos negativos trazidos na esteira dessa maior sensibilidade, entre eles o distúrbio de atenção e hiperatividade. Entre os sinais de déficit de concentração, enumera a psicóloga, estão o fato delas não escutarem as pessoas, não conseguirem terminar tarefas e apresentarem dificuldades de organização.
Apesar de inteligência aguçada - nem todas as crianças com déficit de atenção apresentam o desenvolvimento mental acima do normal -, algumas evitam atividades com um substancial esforço da mente ou concentração, freqüentemente perdem objetos necessários na escola e em outras atividades diárias. “Ficam distraídos facilmente e freqüentemente se esquecem de atividades rotineiras”, acentua Maria Ivone.
Como essas crianças dificilmente aceitam regras e questionam a tudo e a todos, sempre em busca de um motivo e não simplesmente para acatar as coisas como elas são, a psicóloga orienta aos pais para que, nesses casos, o autoritarismo seja uma palavra riscada do dicionário. “Os pais devem representar fonte de apoio e segurança e, para isso, devem se fazer presentes na orientação e delimitação de regras ou limites, o que deve ser feito no amor e não no autoritarismo”, recomenda.
Luiz Beltramin

Fonte: JCNet

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