Uma amiga muito querida, advogada mineira, está há quase um mês sem televisão. Porque quer. Não é a primeira vez que ela faz isso. Em 2004 ela mudou de apartamento, deu o aparelho dela para os pais e acabou ficando dois anos sem televisão em casa. Achou que já era muito tempo e comprou uma TV. Agora resolveu que era hora de tirar férias da telinha de novo.
Ela me explicou: Percebi que gosto de ficar sem televisão. Não me faz a menor falta. Aliás, ao contrário, a vida sempre melhora. Meu rendimento no trabalho aumenta, vejo mais as pessoas; leio e danço mais; escuto mais música; faço mais encontros em casa; visito mais; medito mais; saio e viajo mais… Enfim, acho que fico mais com os outros e comigo. Considerando que somos ótimas companhias… não faço nem idéia de quando terei tv em casa novamente!
Quando falamos desse assunto, meu contra-argumento é sempre o mesmo: “Você é solteira, não tem filhos. Crianças não vivem sem televisão”. Não deixa de ser verdade. Porque eu mesma passo pouco tempo em casa, não acompanho assiduamente novela alguma e mesmo algumas séries que eu gosto de assistir costumo alugar ou comprar depois a caixa completa pra ver tudo de uma vez.
Eis que ontem li uma matéria no jornal inglês Daily Telegraph sobre uma família que aboliu a televisão há nove meses. A jornalista Caroline Cleaves, seu marido e os dois filhos, Sam, de 5, e Ava, de 2 anos. Ela diz que era algo que o casal já conversava, quase sempre depois de ver a agressividade de alguns desenhos animados, o consumismo estimulado pelos canais infantis e a energia do filho tentando quebrar a mesa da sala depois de uma maratona de Power Rangers. Mas a gota d’água, ela conta, foi quando o pequeno Sam avisou à mãe, alegremente, que Vanish deixa as roupas mais brancas do que outros sabões em pó.
Quando você recebe conselhos não solicitados sobre limpeza de roupas de uma criança que não sabe sequer se vestir sozinha, alguma coisa está errada, ela diz.
No dia seguinte ela cancelou a assinatura de sua TV. E as vantagens de não ter televisão começaram: Sem o desenho de Sam, o Bombeiro, chegaram à escola 20 minutos mais cedo. Depois da escola ela fez bolos com as crianças e leram livros juntos. E os pequenos foram para cama 45 minutos mais cedo do que costumavam.
Será que vamos sobreviver a esta experiência: Sem televisão, o que eu farei com meu marido depois que as crianças dormirem? Ele sugeriu jogarmos xadrez. Ou fazer sexo. Mas e se, com essa mudança, descobrirmos que não temos mais nada em comum?
No segundo dia, um pouco cansada, ela confessa que sentiu falta da TV. Não há como negar que é uma boa forma de entreter as crianças, quando uma mãe precisa de um tempinho para si mesma. Eu me senti como alguém que tenta parar de fumar. Mas não voltou atrás.
Na segunda semana, as crianças redescobriram seus CDs. Caroline organizou seus documentos. Na terceira semana, a jornalista questionou sua decisão. Será que meus filhos terão dificuldades de socialização? Será que um dia vão olhar para trás e achar que tiveram uma infância bizarra? Mas foi em frente. Na quarta semana o casal tinha uma festa para ir. Caroline desesperou-se: alguém sem TV em casa jamais conseguiria uma baby-sitter. Estava enganada: a moça contratada agradeceu a oportunidade, pois assim poderia adiantar deveres de casa.
Nove meses depois: Uma vida sem televisão pode parecer radical, mas tem sido mais fácil do que eu imaginei. Nossa casa é um lugar mais sereno. Meus filhos desenvolveram sua criatividade. Como eu não aprendi a jogar xadrez, posso dizer que isso tudo tem sido um sucesso. Meu marido está bem feliz…
Achei o relato de Caroline (assim como o da minha amiga) muito simpático – e talvez até pensasse no caso. Mas aqui em casa, com as crianças já beirando a adolescência, existe um aparelhinho bem mais procurado do que a TV: o computador. O que torna tudo bem mais complicado…
Mulher 7x7
Ela me explicou: Percebi que gosto de ficar sem televisão. Não me faz a menor falta. Aliás, ao contrário, a vida sempre melhora. Meu rendimento no trabalho aumenta, vejo mais as pessoas; leio e danço mais; escuto mais música; faço mais encontros em casa; visito mais; medito mais; saio e viajo mais… Enfim, acho que fico mais com os outros e comigo. Considerando que somos ótimas companhias… não faço nem idéia de quando terei tv em casa novamente!
Quando falamos desse assunto, meu contra-argumento é sempre o mesmo: “Você é solteira, não tem filhos. Crianças não vivem sem televisão”. Não deixa de ser verdade. Porque eu mesma passo pouco tempo em casa, não acompanho assiduamente novela alguma e mesmo algumas séries que eu gosto de assistir costumo alugar ou comprar depois a caixa completa pra ver tudo de uma vez.
Eis que ontem li uma matéria no jornal inglês Daily Telegraph sobre uma família que aboliu a televisão há nove meses. A jornalista Caroline Cleaves, seu marido e os dois filhos, Sam, de 5, e Ava, de 2 anos. Ela diz que era algo que o casal já conversava, quase sempre depois de ver a agressividade de alguns desenhos animados, o consumismo estimulado pelos canais infantis e a energia do filho tentando quebrar a mesa da sala depois de uma maratona de Power Rangers. Mas a gota d’água, ela conta, foi quando o pequeno Sam avisou à mãe, alegremente, que Vanish deixa as roupas mais brancas do que outros sabões em pó.
Quando você recebe conselhos não solicitados sobre limpeza de roupas de uma criança que não sabe sequer se vestir sozinha, alguma coisa está errada, ela diz.
No dia seguinte ela cancelou a assinatura de sua TV. E as vantagens de não ter televisão começaram: Sem o desenho de Sam, o Bombeiro, chegaram à escola 20 minutos mais cedo. Depois da escola ela fez bolos com as crianças e leram livros juntos. E os pequenos foram para cama 45 minutos mais cedo do que costumavam.
Será que vamos sobreviver a esta experiência: Sem televisão, o que eu farei com meu marido depois que as crianças dormirem? Ele sugeriu jogarmos xadrez. Ou fazer sexo. Mas e se, com essa mudança, descobrirmos que não temos mais nada em comum?
No segundo dia, um pouco cansada, ela confessa que sentiu falta da TV. Não há como negar que é uma boa forma de entreter as crianças, quando uma mãe precisa de um tempinho para si mesma. Eu me senti como alguém que tenta parar de fumar. Mas não voltou atrás.
Na segunda semana, as crianças redescobriram seus CDs. Caroline organizou seus documentos. Na terceira semana, a jornalista questionou sua decisão. Será que meus filhos terão dificuldades de socialização? Será que um dia vão olhar para trás e achar que tiveram uma infância bizarra? Mas foi em frente. Na quarta semana o casal tinha uma festa para ir. Caroline desesperou-se: alguém sem TV em casa jamais conseguiria uma baby-sitter. Estava enganada: a moça contratada agradeceu a oportunidade, pois assim poderia adiantar deveres de casa.
Nove meses depois: Uma vida sem televisão pode parecer radical, mas tem sido mais fácil do que eu imaginei. Nossa casa é um lugar mais sereno. Meus filhos desenvolveram sua criatividade. Como eu não aprendi a jogar xadrez, posso dizer que isso tudo tem sido um sucesso. Meu marido está bem feliz…
Achei o relato de Caroline (assim como o da minha amiga) muito simpático – e talvez até pensasse no caso. Mas aqui em casa, com as crianças já beirando a adolescência, existe um aparelhinho bem mais procurado do que a TV: o computador. O que torna tudo bem mais complicado…
Mulher 7x7
Nenhum comentário:
Postar um comentário