quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Juiz vai desconsiderar exame que mostra que ex-deputado Carli Filho dirigia bêbado ao causar acidente


CURITIBA - A Justiça vai desconsiderar o exame de dosagem alcoólica que comprovou que ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho dirigia embriagado quando se envolveu em acidente em Curitiba, causando a morte de dois jovens em maio passado. A decisão foi tomada pelo juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba. Ele considerou ilegal a utilização do exame de dosagem alcoólica no processo, pois o exame não foi autorizado pelo acusado.
De acordo com o resultado, havia no sangue do então deputado 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue, quase quatro vezes o nível considerado tolerável pela legislação de trânsito. Para o Código de Trânsito, Artigo 306, 6 decigramas já são considerados crime, com abertura de processo penal, e o nível tolerado é de 2 decigramas de álcool por litro de sangue.
A defesa do ex-deputado argumentou que o sangue colhido para o exame de dosagem alcoólica foi colhido sem a prévia autorização do acusado. O juiz aceitou o pedido e declarou ilegal o uso do material. "Há que se ressaltar que a desconsideração do resultado do exame de sangue, não significa dizer que o réu não se encontrava embriagado...", afirmou o juiz no despacho.
O exame foi pedido pela polícia. O hospital onde ele foi atendido chegou a informar que não existia material para fazer o exame de sangue solicitado pelo delegado Armando de Moraes, para determinar a dosagem alcoolica. A coleta é praxe no pronto-socorro, mas o Hospital havia dito que o sangue colhido foi descartado após exames, o que seria comum.
O ex-deputado estava dirigindo com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa. Garçons do restaurante onde ele estavam afirmaram que ele havia bebido vinho e um amigo disse em depoimento que chegou a oferecer carona , por considerar que Carli Filho não estava em condições de dirigir, mas ele teria recusado.

Juiz decidirá sobre júri popular
A audiência de instrução e julgamento do ex-deputado foi marcada para o dia 4 de fevereiro de 2010. De acordo com informações publicadas no site do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), a audiência começará às 9h30m e serão ouvidas 38 pessoas. Prestarão depoimento as testemunhas arroladas pelo Ministério Público, pela defesa, peritos e por último será interrogado o acusado.
Carli Filho responde por duplo homicídio qualificado pelas mortes de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20. O acidente envolvendo o ex-deputado aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. Carli Filho dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Os dois rapazes morreram na hora.
O advogado Elias Mattar Assad, que atua no processo como assistente do Ministério Público em nome da família Yared, de um dos jovens mortos no acidente, diz que Existem outros elementos que evidenciam o 'estado etílico' do acusado.
- O importante é que as acusações de duplo homicídio doloso eventual na forma qualificada foram mantidas, o que assegura julgamento pelo Tribunal do Júri - disse Assad.
O juiz definirá se o caso irá para Júri Popular na audiência do dia 4. O advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Carli Filho, não foi localizado para comentar o assunto.
Na denúncia, os promotores do Ministério Público destacaram a alta velocidade em que o ex-deputado dirigia no momento do acidente. Laudos do Instituto de Criminalística (IC) apontaram que Carli Filho estava entre 161 km/h e 173 km/h, aproximadamente 188% superior a máxima permitida no local, que é de 60 km/h.
Caso o ex-deputado seja condenado por todos os crimes, que lhe foram imputados na denúncia, poderá receber pena mínima de 15 anos e máxima de 30 anos. Ainda poderá ter o direito de dirigir suspenso por prazo entre dois meses e cinco anos. Por se tratar de homicídio qualificado, crime considerado hediondo, deverá cumprir pena inicialmente em regime fechado.
No dia 29 de maio, Carli Filho renunciou ao cargo de deputado estadual e perdeu o foro privilegiado. O ex-deputado prestou depoimento à polícia no apart hotel onde estava hospedado em São Paulo no dia 9 de junho. Ele disse não se lembrar de nada do acidente


O Globo

Um comentário:

  1. Até os juízes mudaram.
    Será que vai correr $$$$$$$$$?
    Indignado

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