Existem filhos que saem da barriga da mãe e há aqueles que nascem do coração. Gustavo Caitano e Rosana Soares sabem bem que isso é verdade. O garoto brasiliense de 1a anos e a jovem de 23 anos, nascida em Santa Catarina e agora moradora do Ceará, foram adotados (o menino aos seis meses de idade; a garota nos primeiros dias de vida). Abandonados pela família de sangue, eles se consideram sortudos.
“Acho bom ser adotado. Porque senão, estaria na rua”, fala um tímido Gugu – como é chamado por seus irmãos – Rafael, Adriana e Andressa -, pais e amigos.
E não pense que há traumas e grilos na cabeça deles. Os dois sabem desde pequenos de suas histórias e são muito bem resolvidos.
“A única diferença é que eu não fui gerada na barriga da minha mãe. Algumas vezes as mães geram as crianças e rejeitam, não amam. Mas há pessoas que não geram filhos na barriga e mesmo assim planejam, ficam ansiosas para que uma criança faça parte de suas vidas. Adoro ser adotada”, fala Rosana.
Cida Caitano e Ismene Soares são as mães adotivas de Gugu e Rosana. As duas fazem parte de um grupo não muito grande de brasileiros que toparam o desafio de uma adoção. Desafio, sim! No nosso País ainda há muito preconceito e algumas exigências que tornam o processo difícil e lento.
“A adoção no Brasil está na fase inicial. Temos que amadurecer e avançar”, diz o especialista em adoção da Vara de Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes de Souza.
Desafio
Para Walter Gomes, um dos motivos que faz a adoção no Brasil ser um desafio é o perfil de crianças que os futuros pais adotivos procuram. Na maioria das vezes, eles buscam meninos ou meninas recém-nascidos, brancos, em perfeito estado de saúde e que não tenham irmãos.
O nó da questão é que o perfil das crianças brasileiras que podem ser adotadas é completamente diferente. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 60% das cerca de 2.400 crianças que estão em 870 abrigos mantidos pelo governo federal são negras ou mulatas. E também não são bebês; a maioria tem entre sete e 15 anos.
O resultado dessa salada de números é que, mesmo com mais interessados em adotar do que crianças que podem ser adotadas, muitos meninos e meninas continuam sem família.
Não há um número oficial que aponte a realidade do Brasil todo, mas o Distrito Federal serve de exemplo. Aqui há 174 crianças e adolescentes cadastrados para adoção e quase 300 famílias inscritas para ter um filho adotivo.
“Há mitos, tabus, medos e crendices quando se fala de adoção no Brasil”, afirma Walter.
Viva a diferença!
Mitos, crendices e tabus são coisas que não se comprovam na realidade, mas ficam na cabeça das pessoas meio sem querer.
Quer um exemplo?! Perguntamos a Rosana o que ela pensa sobre adoção. A resposta foi: “A família tem que ter alguma lógica. Se a família é toda branca, não deveria adotar um moreno, isso causa um constrangimento para o filho e a família algumas vezes tem alguns preconceitos”.
Será que tem que ser assim mesmo? Cida, a mãe de Gugu, acha que não. Ela, mulata e o marido, um homem branco, adotaram um menino negro. A discriminação existe, sim, e vem de onde menos se espera – dos amigos, da família, da enfermeira e até da professora... Mas o amor da família pode ser maior que qualquer problema.
“Tive um professora que não ensinava o alfabeto para mim e uma menina com síndrome de Down, não explicava para a gente. Ela falou que eu precisava ir para o psicólogo porque não sabia escrever. A psicóloga falou que eu não tinha problema nenhum. Acho que ela tinha preconceito”, conta Gugu.
Não tinha nada de errado mesmo. Cida, bem coruja, diz com todo orgulho que Gustavo é um menino muito inteligente, esperto e carinhoso. “Quem tinha problema era a professora”. E completa: “Quando vi o Gustavo pela primeira vez fiquei abobada. Tive certeza que ele era nosso filho. Se não tivéssemos lutado e adotado, ia achar que toda criança na rua podia ser ele”.
Esta matéria foi publicada em 2007 no site "Pelourinho - Um jeito criança de ser cidadão"
Foto: Clube das Mães
“Acho bom ser adotado. Porque senão, estaria na rua”, fala um tímido Gugu – como é chamado por seus irmãos – Rafael, Adriana e Andressa -, pais e amigos.
E não pense que há traumas e grilos na cabeça deles. Os dois sabem desde pequenos de suas histórias e são muito bem resolvidos.
“A única diferença é que eu não fui gerada na barriga da minha mãe. Algumas vezes as mães geram as crianças e rejeitam, não amam. Mas há pessoas que não geram filhos na barriga e mesmo assim planejam, ficam ansiosas para que uma criança faça parte de suas vidas. Adoro ser adotada”, fala Rosana.
Cida Caitano e Ismene Soares são as mães adotivas de Gugu e Rosana. As duas fazem parte de um grupo não muito grande de brasileiros que toparam o desafio de uma adoção. Desafio, sim! No nosso País ainda há muito preconceito e algumas exigências que tornam o processo difícil e lento.
“A adoção no Brasil está na fase inicial. Temos que amadurecer e avançar”, diz o especialista em adoção da Vara de Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes de Souza.
Desafio
Para Walter Gomes, um dos motivos que faz a adoção no Brasil ser um desafio é o perfil de crianças que os futuros pais adotivos procuram. Na maioria das vezes, eles buscam meninos ou meninas recém-nascidos, brancos, em perfeito estado de saúde e que não tenham irmãos.
O nó da questão é que o perfil das crianças brasileiras que podem ser adotadas é completamente diferente. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 60% das cerca de 2.400 crianças que estão em 870 abrigos mantidos pelo governo federal são negras ou mulatas. E também não são bebês; a maioria tem entre sete e 15 anos.
O resultado dessa salada de números é que, mesmo com mais interessados em adotar do que crianças que podem ser adotadas, muitos meninos e meninas continuam sem família.
Não há um número oficial que aponte a realidade do Brasil todo, mas o Distrito Federal serve de exemplo. Aqui há 174 crianças e adolescentes cadastrados para adoção e quase 300 famílias inscritas para ter um filho adotivo.
“Há mitos, tabus, medos e crendices quando se fala de adoção no Brasil”, afirma Walter.
Viva a diferença!
Mitos, crendices e tabus são coisas que não se comprovam na realidade, mas ficam na cabeça das pessoas meio sem querer.
Quer um exemplo?! Perguntamos a Rosana o que ela pensa sobre adoção. A resposta foi: “A família tem que ter alguma lógica. Se a família é toda branca, não deveria adotar um moreno, isso causa um constrangimento para o filho e a família algumas vezes tem alguns preconceitos”.
Será que tem que ser assim mesmo? Cida, a mãe de Gugu, acha que não. Ela, mulata e o marido, um homem branco, adotaram um menino negro. A discriminação existe, sim, e vem de onde menos se espera – dos amigos, da família, da enfermeira e até da professora... Mas o amor da família pode ser maior que qualquer problema.
“Tive um professora que não ensinava o alfabeto para mim e uma menina com síndrome de Down, não explicava para a gente. Ela falou que eu precisava ir para o psicólogo porque não sabia escrever. A psicóloga falou que eu não tinha problema nenhum. Acho que ela tinha preconceito”, conta Gugu.
Não tinha nada de errado mesmo. Cida, bem coruja, diz com todo orgulho que Gustavo é um menino muito inteligente, esperto e carinhoso. “Quem tinha problema era a professora”. E completa: “Quando vi o Gustavo pela primeira vez fiquei abobada. Tive certeza que ele era nosso filho. Se não tivéssemos lutado e adotado, ia achar que toda criança na rua podia ser ele”.
Esta matéria foi publicada em 2007 no site "Pelourinho - Um jeito criança de ser cidadão"
Foto: Clube das Mães
Obrigada!
ResponderExcluirE seu blog é d+!!
Há quatro anos tenho uma filha do coração,estou desesperada com a descoberta dela por sexus.O que eu faço para ajuda-la oriente-me por amor de Deus.Francisca viçosa AL.
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