sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fotografias mantidas em sigilo mostrariam abusos sexuais contra presos de Abu Ghraib

RIO - As polêmicas fotografias que mostram abusos de prisioneiros em prisões do Iraque e do Afeganistão durante a Era Bush - e que o atual presidente dos EUA, Barack Obama, insiste em manter em sigilo - incluiriam imagens de estupro e violência sexual, segundo reportagem publicada na edição desta quinta-feira do "Daily elegraph".
De acordo com o jornal britânico, as fotos mostrariam soldados americanos abusando sexualmente de prisioneiros e prisioneiras. As imagens também retratariam violações com objetos como cassetetes e arames. Em uma das fotos, uma prisioneira apareceria com os seios à mostra, enquanto sua roupa é tirada à força.

O Pentágono desmentiu a notícia através de seu porta-voz, Bryan Whitman, que disse que o jornal mostrou "incapacidade de obter os fatos de forma correta".
Detalhes do que se vê nas imagens - até agora protegidas - teriam sido revelados em uma entrevista do Major-general Antonio Taguba, ex-funcionário do Exército americano, que conduziu um inquérito sobre o centro de detenção de Abu Ghraib no Iraque.
Acusações de estupro foram incluídas no relatório produzido em 2004, mas o fato de que existiam provas para comprovar tais abusos nunca havia sido revelado e foi confirmado agora por Taguba.
De acordo com o "Telegraph", a natureza de algumas imagens talvez explique a insistência de Obama em tentar bloquear a divulgação de cerca de duas mil fotografias de prisões no Iraque e no Afeganistão, apesar de um compromisso firmado anteriormente para permitir que viessem a público.
O major-general Taguba, aposentado desde janeiro de 2007, disse apoiar a decisão do presidente:
- Essas imagens mostram tortura, abuso, estupro e todo tipo de indecência. Não tenho certeza do propósito da divulgação das mesmas. Uma conseqüência seria colocar em perigo as nossas tropas, os únicos defensores da nossa política estrangeira, quando nós mais precisamos deles, e as tropas britânicas que estão tentando levar segurança para o Afeganistão.
Ele disse ainda que a mera descrição das imagens é terrível o suficiente a ponto de deixá-lo sem palavras.
Em abril, o governo Obama anunciou que as fotos seriam divulgadas e que seria à toa apelar contra um julgamento a favor da União pelas Liberdades Civis (ACLU). Mas pouco depois o presidente americano voltou atrás, sob a alegação de que as fotos poderiam colocar as tropas em risco.
Pensava-se que as fotos seriam similares às divulgadas há cinco anos, que mostrava prisioneiros pelados e ensaguentados sendo intimidados por cachorros, puxados por uma coleira, amontoados e amarrados.
As últimas fotos estão relacionadas a 400 casos de suspeita de abuso ocorridos entre 2001 e 2005 em Abu Ghraib e outras seis prisões. Segundo Obama, os responsáveis pelos abusos foram identificados e as medidas necessárias foram tomadas.
O inquérito realizado pelo Major-general Taguba sobre os abusos de Abu Ghraib inclui o depoimento de 13 prisioneiros, considerados por ele "críveis baseados na clareza de seus relatos e evidências providas por outras testemunhas".


O Globo On Line

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