terça-feira, 26 de maio de 2009

A Pedagogia da Violência

Na frente de uma escola, um jovem pai, com lágrimas descendo pelo rosto, envolve num abraço comovido suas duas filhas, uma de sete e a outra de nove anos, que encostam as cabeças em seu peito e também choram. Ele, de alívio porque suas filhas estão vivas; as meninas, ainda sob o trauma do que acabaram de viver. A foto foi distribuída para o mundo todo, semana passada, pela agência de notícias Associated Press, e ilustra o relato de mais um tiroteio em uma escola norte-americana. O aumento da violência infantil e juvenil é um problema que se alastra na sociedade contemporânea, e invadiu, definitivamente, as escolas. No Brasil e em Santa Catarina também. Os caso s de adolescentes e até mesmo crianças agredindo colegas e professores, não raro usando facas, pedras e porretes e há registros, também, de menores flagrados com armas de fogo são cada vez mais frequentes. No último dia 14, na capital paulista, a polícia militar teve que ser acionada para conter violento tumulto provocado pelos alunos em uma escola estadual.
Um levantamento recente realizado na cidade de São Paulo pelo sindicato dos diretores de escolas, indicou que 86% dos 683 estabelecimentos públicos e privados que responderam ao questionário tinha vivido casos de violência. A indisciplina os alunos abre as comportas da violência no ambiente escolar, que antes se caracterizava pelo respeito e compostura. As causas de a situação chegar a este ponto estão bem identificadas: a maioria dos pais, de todos os estratos, que se omite na educação dos filhos em casa, transfere para os professores a responsabilidade por inteiro, e sequer acompanha a vida escolar das suas crianças e adolescentes; e a mistura de democratismo e leniência que impregnou o sistema educacional, e considera “pedagogicamente incorreto” aplicar medidas disciplinares para “não ferir a auto-estima” dos alunos, entre outros argumentos pífios.
Essa “pedagogia de farmacinha”, ao destruir o clima de tranquilidade que é necessário ao bom aprendizado em sala de aula, também responde em alta dose pela desastrosa qualidade do ensino brasileiro. Está a caminho uma geração do não-saber, que sairá da escola com mais capacidade para usar a força bruta do que o intelecto, a ira do que a razão. Está na hora de rever o projeto pedagógico equivocado que está em vigor, de restabelecer a autoridade do professor e ampará-lo, de fixar condições e gradações às punições disciplinares aplicáveis, e criar procedimentos severos para acautelar e reprimir situações excepcionais, como agressões violentas e até uso de armas na escola.

Fonte: Diário Catarinense

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