Quanto vale uma calça jeans, um tênis novo ou algumas pedras de crack? R$ 10, R$ 20? E quanto vale o seu corpo? Também R$ 10 ou 20? Para algumas meninas, sim. É o preço cobrado por alguns minutos de sexo. E, pasmem, cada vez mais cedo. Crianças com 11, 12 anos, vendem o corpo por quantias irrisórias nas ruas de Curitiba. O motivo? Falta de diálogo em casa, vício pela droga, anseio por algum produto de consumo, situação econômica desfavorável, dinheiro aparentemente fácil e outras vezes algum aliciador, que pode ser alguém da própria família.
Basta peregrinar por certas ruas de Curitiba ao cair da noite que grupos de meninas começam a aparecer. É uma questão de minutos para o primeiro candidato parar o carro. A menina se aproxima e, após dois ou três minutos de conversa, ela aceita a oferta, entra no carro e sai. Pouco tempo depois volta, com alguns trocados no bolso. E a rotina se repete, dia após dia. Essa cena foi flagrada pela reportagem do Jornal do Estado, no cair da noite de um dia da semana passada, numa rua do bairro Parolin, bem próxima à Avenida das Torres.
Não quer dizer que aquele local específico seja um ponto de prostituição infanto-juvenil. Não quer dizer que Curitiba seja um pólo dessa situação. O problema existe em todos os lugares e em todas as cidades. O problema anda atrelado à situação econômica. Quanto mais pobre a região, maior as chances de se deparar com uma cena destas, aqui, em qualquer lugar.
Por vezes, pais e mães sequer sabem que a filha, ainda criança, vende o corpo para ir atrás de alguma necessidade pessoal. O cenário é obscuro. De acordo com a coordenadora da Pastoral do Menor e do Projeto Vida Nova, Doris Faria, o que leva essas meninas às ruas é, sem duvidas, a situação econômica, o dinheiro fácil. E a exploração sexual infanto-juvenil acontece dentro e fora de casa, dentro e fora das escolas.“O que falta é a estrutura familiar. Vivemos num mundo onde os pais trabalham, não tem tempo para diálogo com os filhos e mal sabem o que acontece em suas vidas. Essas crianças saem para as ruas, conhecem um mundo novo, fácil e diferente. Uma jovem, sem condições financeiras, que olha uma calça na vitrine e almeja aquele produto vai se prostituir para consegui-lo. Então, sai às ruas, vende o corpo por R$ 10 ou 20 e compra a calça. É fácil”, apontou Doris.
Não quer dizer que aquele local específico seja um ponto de prostituição infanto-juvenil. Não quer dizer que Curitiba seja um pólo dessa situação. O problema existe em todos os lugares e em todas as cidades. O problema anda atrelado à situação econômica. Quanto mais pobre a região, maior as chances de se deparar com uma cena destas, aqui, em qualquer lugar.
Por vezes, pais e mães sequer sabem que a filha, ainda criança, vende o corpo para ir atrás de alguma necessidade pessoal. O cenário é obscuro. De acordo com a coordenadora da Pastoral do Menor e do Projeto Vida Nova, Doris Faria, o que leva essas meninas às ruas é, sem duvidas, a situação econômica, o dinheiro fácil. E a exploração sexual infanto-juvenil acontece dentro e fora de casa, dentro e fora das escolas.“O que falta é a estrutura familiar. Vivemos num mundo onde os pais trabalham, não tem tempo para diálogo com os filhos e mal sabem o que acontece em suas vidas. Essas crianças saem para as ruas, conhecem um mundo novo, fácil e diferente. Uma jovem, sem condições financeiras, que olha uma calça na vitrine e almeja aquele produto vai se prostituir para consegui-lo. Então, sai às ruas, vende o corpo por R$ 10 ou 20 e compra a calça. É fácil”, apontou Doris.
Droga — Uma pedra de crack pode custar entre R$ 1 e R$ 5 nas ruas de Curitiba. Uma latinha de cerveja pode sair por pouco mais de R$ 1 e um maço de cigarro não chega a R$ 5. Meninas se prostituem, também, por drogas, lícitas e ilícitas. E não falamos apenas daquelas meninas pertencentes às classes sociais menos favorecidas. “O viciado em droga está presente em todas as camadas sociais. E mesmo essas meninas com dinheiro, de classe média alta, se sujeitam à exploração sexual para conseguir a droga”, conta Doris.
Pela vivência com essas crianças, ela acabou conhecendo bem os pontos de prostituição e a maneira como as meninas são aliciadas. Segundo Doris, felizes são aquelas que conseguem “apenas” se manter no vício pelo álcool ou cocaína. Quando caem no crack, a situação é quase irreversível. A coordenadora cita alguns pontos na Capital onde o tráfico de drogas e a exploração sexual correm soltos. Nas Mercês, ela aponta para a existência de “muquifos” onde as jovens se escondem para consumir crack e, para pagar a droga, vendem o corpo. O Largo da Ordem é outro ponto onde crianças são encontradas aos montes.“Nunca se sabe quem é o chefe, mas ele sempre existe. É quem oferece as drogas. Esta menina, viciada, não tem dinheiro para comprar a droga. Então, ela se prostitui, repassa o dinheiro ao traficante que oferece a droga. Sempre tem alguém por trás comandando isso”, disse. Esta segunda-feira é marcada como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Exploração sexual dentro de casa
Pior ainda é quando a exploração sexual infanto-juvenil parte de dentro de casa. “Tem casos de meninos que oferecem a irmã porque eles são viciados em droga e precisam consumir. Ou tem alguma dívida. Ele vende a irmã, recebe a droga, a menina também e está tudo certo. Elas se sujeitam a isso o tempo todo. E são coisas que pai e mãe nem desconfiam”, apontou a coordenadora da Pastoral do Menor e do Projeto Vida Nova, Doris Faria.Ela explica que em algumas situações, os pais fecham os olhos para a realidade em que suas filhas estão inseridas. “Não digo que tem pais que obriguem meninas a fazerem isso, mas eles fecham os olhos. Porque de alguma maneira está entrando dinheiro em casa. Então, de repente, aquilo passa a ser um meio de sobrevivência, ou o único modo de colocar comida dentro de casa. Assim como ocorre com a droga. O dinheiro entra fácil e eles fingem que não está acontecendo nada”, disse.
A situação é muito delicada. Requer tato para ser aceita pelos próprios familiares, que se negam a assumir que a exploração ocorre. “Porque se eles assumem isso, são os responsáveis e respondem pelo crime. Então não falam nada. Para equipes da pastoral conseguirem chegar até uma casa onde é constatada a ocorrência de exploração sexual e falar o que acontece é complicadíssimo. Os pais não aceitam que você chegue e fale que a filha está vendendo o corpo. Eles não acreditas e, como a responsabilidade é deles e envolve questões policiais e conselho tutelar, não admitem que alguém interfira no seu modo de educar”, explicou Doris.
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