VITÓRIA
Marco e Regina, juntos há 20 anos, enfrentaram preconceito. Até as amigas se afastaram dela.
Os astros americanos Demi Moore e Ashton Kutcher são um dos casais mais pop dos últimos tempos. Juntos há quatro anos, eles não escondem a felicidade da união. Nem a idade. Kutcher é 16 anos mais jovem que Demi. O relacionamento dos atores se tornou ícone de uma tendência crescente e comprovada por pesquisas no Brasil e no Exterior: romances em que as mulheres são mais velhas do que os homens estão em alta como nunca (leia quadro). Uma vitória contra o preconceito e a favor da diversidade nas relações. A tevê também começa a refletir positivamente sobre esse fenômeno social e cultural. Um dos seriados de maior sucesso da tevê nos Estados Unidos atualmente é “Cougar Town”, que estreou em setembro na rede ABC.
Renata admira a garra de Filipo. Ele diz que aprendeu com ela a ser menos ansioso e mais ponderado
A idade lhe trouxe segurança e equilíbrio para lidar com os problemas. Sexualmente é liberada, se permitindo buscar o prazer sem constrangimentos. “A única coisa que ela deseja é conquistar o que for bom emocionalmente”, diz Claudya Toledo, diretora da A2 Encontros, agência de relacionamentos. Tanta vitalidade e confiança encantam os rapazes.
“Os mais velhos também são considerados por elas machistas e individualistas”, diz a psicanalista Dorli Kamkhagi, mestre em gerontologia. “Enquanto o jovem está disposto a conhecer um mundo novo.”
A escritora Renata Rode, 33 anos, sempre namorou homens mais velhos. Não esperava se apaixonar por alguém que saísse do padrão, até conhecer o gerente comercial Filipo Saliba, 28 anos. Um amigo em comum os colocou em contato. “Quando ele disse a idade no primeiro encontro, quase não acreditei, por causa da sua maturidade”, lembra Renata. Ela diz que admira Filipo pela garra em alcançar objetivos. Ele afirma que a experiência da namorada o ajuda a enfrentar com menos ansiedade os problemas. “Renata me ensinou a ponderar na hora de tomar decisões.”
Mas, apesar dos bons ventos de mudança, comprovados por pesquisas e numerosos casais felizes, nem sempre assumir um relacionamento assim é fácil.
A numeróloga Regina Maura, 61 anos, enfrentou a resistência da família quando começou a namorar o webdesigner Marco Antonio Fonseca, 52 anos, há duas décadas. “Minha mãe achava uma vergonha”, conta. Amigas chegaram a se afastar de Regina, dizendo que um dia Marco a abandonaria. Ele também foi alvo de situações constrangedoras.
As pessoas insistiam que Regina não servia para uma relação duradoura. Além de mais velha, era divorciada e tinha dois filhos. Hoje, eles se divertem ao relembrar, mas admitem que sofreram com o preconceito. O desafio atual é cada um superar os próprios medos dentro da relação. A mulher, o ciúme, ao ver o amado conversando com alguém mais jovem. O homem, de ser visto como um oportunista. Tudo bobagem.
“Uma mulher dessas não se deixa explorar. E o rapaz, se a escolheu, é porque a considera melhor do que qualquer menina”, diz a terapeuta Ana Maria Zampieri. Um ponto positivo desse tipo de romance é não existir espaço para a competição, comum nas relações em que os parceiros têm faixa etária semelhante.
“A troca entre as partes é mais marcante”, diz Claudya Toledo. Esses amores podem acabar – como qualquer outro. Não necessariamente por causa da idade, mas porque a vida a dois precisa de aceitação e tolerância para dar certo. O que importa é existir prazer, alegria, companheirismo. A data de nascimento na carteira de identidade é só um detalhe.
Suzane G. Frutuoso
Isto É
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