Artigo na revista ‘Science’ traça histórico sísmico da Ilha de Hispaniola.
Área passou por calmaria atípica por duas gerações, conclui texto.
Para o sismólogo americano William McCann, analista independente da Earth Scientific Consultants, com sede no estado do Colorado, o terremoto que devastou Porto Príncipe e arredores em 12 de janeiro marca o fim de um período de “sorte” usufruído por duas gerações de moradores da Ilha Hispaniola, compartilhada pela República Dominicana (que ocupa dois terços do território a leste), e pelo Haiti (com o terço oeste). A avaliação está em artigo na edição mais recente da revista “Science”.
Em 1979, McCann e um colega criaram um mapa global de potencial sísmico. Os riscos das zonas de falha geológica ( clique aqui para entender melhor esse e outros termos) foram indicados com uma escala de cores. Amarelo e vermelho apontavam as maiores probabilidades de grandes rupturas entre placas tectônicas, desencadeando terremotos mais violentos. Hispaniola aparece toda pintada de vermelho.
“Estávamos preocupados porque havia 240 anos desde o maior terremoto” na falha que rompeu há quase 15 dias, explica McCann. “Séculos se passaram, e essa área permanecia extremamente plácida.” Neste caso, a calmaria era um péssimo sinal, aponta o artigo. As tensões geológicas estavam se acumulando, sem nenhum rompimento para liberá-las. Quando um segmento da falha entregou os pontos, o resultado foi um colapso com “fúria devastadora”.
O abalo do dia 12 só ocorreu em uma parte da falha que rompeu em 1770 em um terremoto com magnitude estimada em 7,5, aproximadamente cinco vezes mais potente. Apesar do estrago que causou, o último tremor “não é realmente grande”, explica McCann. Na área da ilha, “eles podem chegar a magnitude 8”, ou seja, 32 vezes mais potentes.
Além das grandes fronteiras entre as placas tectônicas Caribenha, Norte-Americana, de Cocos e Sul-Americana, a “microplaca de Hispaniola” fica no meio de duas zonas de falha geológica paralelas, a Enriquillo-Plantain Garden, que passa por Porto Príncipe, e a Setentrional, ao norte.
“Essa fronteira dupla produziu muitos tremores, embora não muitos abalos grandes ultimamente”, afirma o texto. McCann compilou registros históricos, geológicos e sísmicos, recuando séculos, para uma apresentação em 2001, em um encontro científico sobre redução de riscos na região do Caribe. A magnitude 7,5 de 1770 foi um tremor secundário ou réplica do evento principal daquele século – um terremoto de magnitude 8 em 1751 . Outro 7,5 rompeu a parte central da Enriquillo poucos meses depois. No século 19, um terremoto de magnitude 8 atingiu a costa norte do Haiti, na falha Setentrional.
Já o século 20 foi muito mais tranquilo. Na primeira metade, quatro abalos grau 7 afetaram a costa norte da República Dominicana. O Haiti foi poupado de abalos maiores. “As duas últimas gerações têm tido sorte”, diz McCann, mas “podemos estar saindo do período de calmaria”. O estresse geológico está sempre se acumulando em uma falha. Quando a tensão é liberada, com um terremoto, as áreas de tensão podem ser transferidas para pontos vizinhos. O processo pode empurrá-las para rupturas uma após a outra, como parece ter ocorrido a partir de 1751. As falha de Hispaniola podem estar despertando do longo repouso, adverte McCann, e agora está mais claro que tipo de destruição elas podem infligir.
Área passou por calmaria atípica por duas gerações, conclui texto.
Para o sismólogo americano William McCann, analista independente da Earth Scientific Consultants, com sede no estado do Colorado, o terremoto que devastou Porto Príncipe e arredores em 12 de janeiro marca o fim de um período de “sorte” usufruído por duas gerações de moradores da Ilha Hispaniola, compartilhada pela República Dominicana (que ocupa dois terços do território a leste), e pelo Haiti (com o terço oeste). A avaliação está em artigo na edição mais recente da revista “Science”.
Em 1979, McCann e um colega criaram um mapa global de potencial sísmico. Os riscos das zonas de falha geológica ( clique aqui para entender melhor esse e outros termos) foram indicados com uma escala de cores. Amarelo e vermelho apontavam as maiores probabilidades de grandes rupturas entre placas tectônicas, desencadeando terremotos mais violentos. Hispaniola aparece toda pintada de vermelho.
“Estávamos preocupados porque havia 240 anos desde o maior terremoto” na falha que rompeu há quase 15 dias, explica McCann. “Séculos se passaram, e essa área permanecia extremamente plácida.” Neste caso, a calmaria era um péssimo sinal, aponta o artigo. As tensões geológicas estavam se acumulando, sem nenhum rompimento para liberá-las. Quando um segmento da falha entregou os pontos, o resultado foi um colapso com “fúria devastadora”.
O abalo do dia 12 só ocorreu em uma parte da falha que rompeu em 1770 em um terremoto com magnitude estimada em 7,5, aproximadamente cinco vezes mais potente. Apesar do estrago que causou, o último tremor “não é realmente grande”, explica McCann. Na área da ilha, “eles podem chegar a magnitude 8”, ou seja, 32 vezes mais potentes.
Além das grandes fronteiras entre as placas tectônicas Caribenha, Norte-Americana, de Cocos e Sul-Americana, a “microplaca de Hispaniola” fica no meio de duas zonas de falha geológica paralelas, a Enriquillo-Plantain Garden, que passa por Porto Príncipe, e a Setentrional, ao norte.
“Essa fronteira dupla produziu muitos tremores, embora não muitos abalos grandes ultimamente”, afirma o texto. McCann compilou registros históricos, geológicos e sísmicos, recuando séculos, para uma apresentação em 2001, em um encontro científico sobre redução de riscos na região do Caribe. A magnitude 7,5 de 1770 foi um tremor secundário ou réplica do evento principal daquele século – um terremoto de magnitude 8 em 1751 . Outro 7,5 rompeu a parte central da Enriquillo poucos meses depois. No século 19, um terremoto de magnitude 8 atingiu a costa norte do Haiti, na falha Setentrional.
Já o século 20 foi muito mais tranquilo. Na primeira metade, quatro abalos grau 7 afetaram a costa norte da República Dominicana. O Haiti foi poupado de abalos maiores. “As duas últimas gerações têm tido sorte”, diz McCann, mas “podemos estar saindo do período de calmaria”. O estresse geológico está sempre se acumulando em uma falha. Quando a tensão é liberada, com um terremoto, as áreas de tensão podem ser transferidas para pontos vizinhos. O processo pode empurrá-las para rupturas uma após a outra, como parece ter ocorrido a partir de 1751. As falha de Hispaniola podem estar despertando do longo repouso, adverte McCann, e agora está mais claro que tipo de destruição elas podem infligir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário