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segunda-feira, 25 de maio de 2009
TV peruana mostra crianças recrutadas pelo Sendero Luminoso
Uma TV peruana revelou que a guerrilha maoísta remanescente do grupo Sendero Luminoso, atualmente aliada a narcotraficantes e produtores de coca no sudeste peruano, tem recrutado e armado crianças de 10 anos a 13 anos.
Uma reportagem da Frecuencia Latina TV veiculada na noite deste domingo (24) mostrou ao menos 17 crianças e adolescentes, em formação militar, na selva amazônica, gritando "viva o marxismo-leninismo, viva o maoísmo e a revolução proletária socialista mundial". As crianças também aparecem jogando futebol em uma clareira da selva, provavelmente no vale dos rios Apurímac e Ene, uma zona montanhosa do centro do país que serviria de refúgio ao que resta da guerrilha do Sendero Luminoso.
Na reportagem aparece ainda, pela primeira vez, Victor Quispe Palomino, o Camarada José, sobrevivente da liderança do Sendero Luminoso, dos conflitos nas décadas de 80 e 90 contra governos sucessivos do Peru que deixou 70 mil mortos e desaparecidos.
José, com cerca de 50 anos, é considerado o cérebro da dupla emboscada que matou 15 militares em abril deste ano, em Senabamba, a cerca de 600 km de Lima, no mais mortífero ataque da guerrilha em dez anos. Soldados que sobreviveram ao ataque haviam denunciado a presença de mulheres e crianças armadas entre os agressores, principalmente meninos obrigados por mulheres a matar militares feridos.
As imagens deram origem a uma onda de indignação no Peru. A Associação dos Direitos do Homem exigiu que o Estado "recuperar e reabilitar as crianças sem estigmatizá-las, porque não são responsáveis, mas vítimas do recrutamento forçado e do doutrinamento". Políticos também qualificaram de "aberração" a realidade de crianças com fuzis na região amazônica.
O primeiro-ministro, Yehude Simon, condenou e lamentou a utilização de meninos. "Esses menores são instigados e enganados. Temos que despertar para o fato de que o Sendero Luminoso não está derrotado."
No documentário, o Camarada José se apresenta como chefe do Comitê Regional do Partido Comunista do Peru, e afirma que a guerrilha entrou em uma "nova fase", sem ligação com o Sendero de Abimael Guzman, seu líder histórico preso em 1992.
Fonte:France Presse, em Lima
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