segunda-feira, 25 de maio de 2009

SÃO PAULO:ONG faz show com intuito de arrecadar recursos para busca de crianças desaparecidas


Destino certo de milhares de jovens e crianças que buscam um pouco de alegria, o Playcenter, parque de diversões de São Paulo, abriu suas portas dia 23, para que as mães que não sabem notícias dos seus filhos desaparecidos pudessem sensibilizar a sociedade com suas lágrimas. A Associação Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas, conhecida como Mães da Sé, promoveu um show para angariar fundos e ajudar as cerca de cinco mil famílias, às quais oferece apoio psicológico, jurídico e social.
Quando tinha apenas 13 anos, em 1995, a então adolescente Fabiana desapareceu a 120 metros de sua casa, na zona oeste de São Paulo. Sua mãe, Ivanise Esperidião, começou então a cruzada para encontrá-la. Em 1996, Ivanise apareceu em rede nacional de televisão, ao relatar seu drama na novela "Explode Coração". Até hoje não há pistas sobre o paradeiro da menina, que deve ter 27 anos. A partir daí, Ivanise fundou a organização não governamental Mães da Sé, onde atua na busca não só de crianças, como de pessoas desaparecidas.
Ivanise estima que encontrou 2.022 pessoas nos 13 anos de trabalho da entidade, que hoje preside. Porém, a Mães da Sé tem em seus registros 7.322 pessoas desaparecidas. Para ela, estar no parque ajuda a conscientizar a sociedade, que pode ser uma grande aliada na luta das famílias dos desaparecidos. "A sociedade deve estar atenta e colaborar com informações, além de pressionar o poder público a criar políticas para encontrar os desaparecidos", completou.
A presidente da Mães da Sé ressaltou que "é vergonhoso" que o Brasil não tenha um cadastro unificado de pessoas desaparecidas. "É mais vergonhoso ainda se pensarmos que existe um cadastro de carros roubados", destacou. Para Ivanise, o poder público é omisso e não se empenha devidamente na busca das crianças.
"Quem investiga, quem faz o papel de polícia, somos nós. Quando minha filha sumiu, tive que esperar 24 horas para registrar um boletim de ocorrência. Nos Estados Unidos, por exemplo, quando uma criança some é acionado o alerta Amber, que notifica os meios de comunicação e os departamentos de transportes, para fechar todas as saídas da cidade", explicou.
Ivanise espera ainda que com o evento no Playcenter, as pessoas também se sensibilizem com a situação. Ela contou à Agência Brasil que recebe trotes frequentemente, com informações falsas sobre o paradeiro de sua filha. "Semana passada uma senhora de Florianópolis me ligou dizendo que minha filha morava lá, era casada e tinha quatro filhos. Investiguei e era tudo mentira, ela só queria passar trote mesmo", disse.
Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos, cerca de 10% a 15% dos desaparecidos nunca mais retornam para suas famílias. Não há números oficias sobre crianças e adolescentes desaparecidos. Ivanise alertou que os pais devem sempre orientar os filhos a não conversar ou receber objetos de estranhos, além de ensinar o número do telefone e o endereço de casa para as crianças. "Sempre digo que os pais devem procurar saber quem são os amigos dos filhos e deixar as crianças acompanhadas apenas de pessoas de confiança", concluiu.

Agência Brasil

Acesse: Mães da Sé

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