sábado, 13 de junho de 2009

Número de infanticídios aumenta 20% em Goiás


A pouco mais de um mês do aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 19 anos em julho, um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que pouco se tem a comemorar quando o assunto é homicídio dessa camada da população. De acordo com o estudo, o número de homicídios entre crianças e jovens até 19 anos no Estado aumentou 20% entre os anos de 2000 e 2006. Para especialistas, o problema é o uso e tráfico de drogas.
Os dados, obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), apontam que em 2000 eram registrados em Goiás 18,2 homicídios de crianças e jovens até 19 anos para cada 100 mil habitantes. Seis anos depois, essa mesma taxa passou para 21,8 ocorrências. No País, a taxa saltou de 22,2 ocorrências para 23,1, um aumento de apenas 4%. Apesar do aumento goiano estar acima do registrado na média nacional, a pesquisa aponta que o Estado é o com menor índice dentro do Centro-Oeste, que tem uma média de 22,9 mortes para cada 100 mil habitantes. O local que conta com maior índice na região é o Distrito Federal, onde 26,8 crianças ou adolescentes são mortos para cada grupo de 100 mil habitantes, seguido por Mato Grosso (22,6) e Mato Grosso do Sul (22,1).
Para a titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), Adriana Accorsi, o aumento do homicídio tem um culpado direto: as drogas. “Acho que está a olhos vistos a participação de crianças e adolescentes em questões ilícitas. O fundo é o uso de crack. Ele é o foco. A grande questão é o uso de entorpecentes, que tem de ser mais discutida, porque eles (entorpecentes) estão acabando com a juventude”. A delegada ressalta que a participação dos jovens ocorre como uma espiral. “De vítima, ele passa a infrator e depois volta a ser vítima de novo (no caso do homicídio). Essa é a espiral macabra da criança e do adolescente”.
Ela comenta que em muitos casos a criança é inserida a esse mundo dentro da própria casa. “Na maioria dos casos, essas pessoas, quando crianças, foram vítimas de negligência ou foram induzidas a isso. Quem se envolve no tráfico de drogas, geralmente foi levado por familiares ou foram abandonados de tal forma que foram adotados pelo tráfico”. A delegada ressalta que existem exceções, que geralmente são ligadas a questões passionais ou motivos fúteis.
Outro ponto citado pela delegada é a banalização do crime contra a vida e sua amortização pela Justiça.
A questão se torna mais crítica, o que de certa forma ajuda o aumento de ocorrência, devido à falta de preparo do poder público. “Hoje nós temos apenas a Casa de Eurípedes para fazer tratamento”, diz Adriana. A opinião da delegada é compartilhada pela presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares de Goiás, Ana Lídia Fleury. “A questão principal é a falta de políticas públicas que possam protegê-los antes que isso (homicídio) ocorra. Com certeza houve outras agressões antes. Eles continuaram sendo vítimas várias vezes”, diz Lídia.
Já o delegado Jorge Moreira, da Delegacia de Homicídios, diz não acreditar no aumento do número de assassinatos de menores e que outras formas de morte estariam dentro dessa estatística, como acidentes de trânsito, aborto, entre outros. “Este ano só teve um homicídio de criança”, comenta.



Jornal Hoje Notícia

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