sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fast-food chega ao mundo animal: filhotes de corvo estão malnutridos

RIO - Eles são jovens, comem porcaria e estão sofrendo as consequências da alimentação rica em gordura e carboidratos. Com a falta de nutrientes, eles crescem menos. São os corvos que vivem nos ricos subúrbios americanos, revela um estudo que mostrou o impacto do fast-food no reino animal. Como alguns seres humanos, os pais corvos vêm optando por alimentar seus filhotes com comidas menos nutritivas porém mais fáceis de se obter.
Para corvos e outras aves, os ambientes urbanos - e sobretudo suburbanos - oferecem fontes de alimento abundantes e de fácil acesso. Lixeiras, lojas, supermercados e casas são locais fáceis de obter comida. Mas as batatas fritas e os donuts têm efeitos graves sobre o desenvolvimento dos jovens corvos.
Liderados por Rebecca Heiss, um grupo de pesquisadores da Binghamton University, de Nova York, descobriu que não só os filhotes suburbanos eram menores que seus parentes rurais, como seus níveis de proteína no sangue eram também mais baixos.
Os resultados sugerem que, embora sua dieta seja aparentemente adequada em termos de contagem de calorias, ela é muito pobre em nutrientes necessários para que os filhotes alcancem o seu tamanho potencial.
- Eles não parecem malnutridos, apenas menores - explicou Heiss, em entrevista à "New Scientist", que, junto com a sua equipe, passou meses observando cerca de 40 ninhos. - Trata-se de uma população muito bem observada, conhecemos esses corvos do ovo à morte.
Quando os filhotes estavam com 23 a 31 dias de vida, Heiss e seu grupo foram até os ninhos para vê-los mais de perto. Eles retiraram sangue dos corvos, os pesaram e mediram. Os testes revelaram níveis baixos de proteína e cálcio no sangue dos filhotes suburbanos.
Em um ambiente natural, a dieta dos corvos é composta de insetos, sementes e, ocasionalmente, pequenos animais - muito mais difíceis de serem obtidos do que restos de comida humana num ambiente urbano.
- Se alguém joga lixo fora, os corvos vão atrás desse lixo, em vez de tentar pegar um filhote de coelho - explica o co-autor do estudo Kevin McGowan.



O Globo On Line

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