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sábado, 13 de junho de 2009
Refletindo sobre o Trabalho Infantil
Falar em trabalho infantil, exige um olhar muito profundo sobre o país e todas as desigualdades que nele existem. Livros, jornais, manchetes sensacionalistas,revistas,congressos, têm apresentado ao longo da história a dramática situação das crianças que trabalham para sobreviver, e ao mesmo tempo complementar a renda familiar.
Cresce a cada dia o número de crianças e adolescentes trabalhando na lavoura, nos canaviais, nos mangues, nos mercados, feiras livres, e nas ruas, vendendo produtos, guardando carros, limpando sapatos e catando latinhas, tudo em nome da sobrevivência difícil e sem solução para a maioria das famílias brasileiras.
Muitas pessoas se indignam, outras sentem dó movidas pela compaixão. Esses olhares não conseguem enxergar o que na realidade é a essência do trabalho infantil que revela a violência de uma sociedade "adulta" que empurra as nossas crianças para o trabalho precoce, perigoso, insalubre e explorador. Normalmente o primeiro impulso é sempre culpar os pais, mesmo sem saber que se trata de familias destruídas que também são escravizadas por uma democracia falida, que só existe no papel. O trabalho infantil revela-se como uma inversão de valores, onde a necessidade está acima dos direitos, e essa necessidade tem um nome muito triste e cruel: A FOME! E esta não pode esperar!
Uma criança que vende balas nas ruas, ou até mesmo faz malabarismos nas sinaleiras em troca de uma moeda, é sinal de que algo não vai bem em sua casa com os adultos que são seus pais.
Muitas discussões e polêmicas surgiram nos últimos tempos, sempre focando a miséria que abraça as nossas crianças, e as tiram da escola, do laser e da sua condição peculiar ainda em desenvolvimento. Todas essas medidas dizem encontrar soluções para o problema, no entanto, a cada dia que passa, a violência cresce em números alarmantes em todas as suas modalidades contra os nossos infantes.
Na verdade, o que precisamos mesmo é reconhecer que para resolver o problema das crianças, temos primeiro que resolver o problema dos adultos que são seus pais. Não adianta tirar crianças das ruas, punir seus pais e mandá-los de volta para casa, se lá não existe o que comer. É dentro de casa que está o problema, a fome, a miséria. É muito fácil acusar os pais de exploração, mas ninguém tem noção do que é passar fome, ou se tem, pelo menos só conhece o que leu nos livros.
Estamos cansados de saber que o Brasil é um país cheio de contrastes e, enquanto muitas crianças e suas familias passam fome, o governo joga fora toneladas de alimentos vencidos. Quantas vezes não assistimos essas manchetes vergonhosas?
Do meu ponto de vista, os benefícios do governo podem até ajudar, mas não resolvem o problema, pelo contrário, estimulam cada vez mais a mulher a engravidar, já "pendurada" antecipadamente em uma bolsa família. Ninguém me convence de que o valor de um benefício do governo por criança, possa alimentá-la com dignidade durante um mês, pois é tão irrisório que só seria suficiente apenas para dois dias no máximo, ou ainda, é a metade do que um político deixa na mesa do café em apenas um dia.
O governo precisa ter ousadia de olhar o país com olhos de primeiro mundo, adotando medidas capazes de promover a igualdade e acabar com a miséria, e isso só é possível com planejamento familiar responsável, saúde e educação de qualidade; caso contrário, teremos cada vez mais um exército de crianças que agonizam, enquanto eles apenas assistem lá do alto sem prestar socorro.
O trabalho infantil é mais do que uma violação dos direitos humanos, é o único meio encontrado de não passar fome, de ganhar a vida, comendo o pão que os políticos amassaram. As nossas crianças "despossuídas" se tornaram mais um símbolo de um país doente, que brinca com a miséria dos pobres, sem escola decente, sem emprego, sem saúde, sem educação e sem esperança.
As crianças do Brasil e do mundo não estão preocupadas com campanhas e com os artigos do ECA, pois nem sequer sabem o que ele significa. Para elas e suas famílias, só existe uma regra clara: A necessidade de sobrevivência.
O saudoso Betinho sempre esteve muito correto nas suas afirmações e uma delas define exatamente o sentimento dessas crianças: "A fome é o atestado de miséria absoluta e o grito de alame que sinaliza o desastre social de um país que mostra a cara do BRASIL."
Sanny Lemos
Feira de Santana-Ba
Foto: Luciara Pinheiro
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