sábado, 13 de junho de 2009

''É nosso direito ficarmos juntos''

Americano que briga pela guarda do filho diz que nem deveria lutar para poder levar o garoto de volta aos Estados Unidos

Ao invalidar anteontem a liminar que suspendeu a sentença que devolvia o menino S. aos Estados Unidos, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu ao pai dele, o americano David Goldman, motivos para acreditar que está mais perto de seu objetivo: voltar para casa com o filho de 9 anos. A vitória foi parcial, já que decisão do Tribunal Regional Federal (TRF), no Rio, mantém a criança no Brasil enquanto são julgados recursos do padrasto brasileiro, João Paulo Lins e Silva, que disputa o menino com ele.
Em entrevista ao Estado por e-mail - a primeira depois que a Justiça Federal determinou a volta de S. aos EUA, dia 1º, medida derrubada no dia seguinte pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello -, Goldman disse acreditar que a fala de ministros em favor da Convenção de Haia, que determina o retorno imediato de menor retirado de um país à revelia de um dos pais, poderá influenciar na solução do caso.

Quais eram as suas expectativas para o julgamento do STF?
Eu esperava que o Supremo aceitasse a aplicação da Convenção de Haia na legislação brasileira e fizesse algumas considerações sobre o meu caso que poderiam ser favoráveis à volta de S. para casa.

Por que, na semana passada, o senhor deixou o Brasil após visitar S. duas vezes e só reapareceu no dia do julgamento do STF?
Tive de trabalhar. Tenho viajado para o Brasil por cinco anos, muitas vezes ficando por semanas, e ainda pagando um volume grande de honorários e taxas. Como capitão de um barco (ele é instrutor de navegação e organiza passeios turísticos), essa é a melhor época do ano para ganhar dinheiro. Mesmo assim, fiz questão de voltar (para o julgamento).

O advogado do padrasto e alguns ministros destacaram que o juiz federal que deu a sentença deveria ter ouvido diretamente o menino. O senhor acha que S. está preparado para dizer o que quer?
S.foi devida e claramente ouvido, como ficou evidenciado nos extensos relatórios de três peritas psicólogas designadas pela Justiça. Finalmente a verdade a respeito do ambiente e da pressão a que ele tem sido submetido foi exposta no Supremo. É torturante saber o que estão fazendo com meu filho e não poder ajudá-lo.

O senhor está preparado para ser rejeitado por S. se ele for mesmo obrigado a voltar aos EUA? Ele poderia pedir ao senhor para ficar no Brasil. Como o senhor reagiria para evitar um trauma?
S. não tem me rejeitado. Ele claramente está sob forte pressão para fazer exatamente isso. Eu espero e rezo para que os que estão retendo meu filho mudem seu comportamento e admitam o amor que S. e eu temos um pelo outro.

Qual seu argumento mais forte para levar S. aos EUA?
Eu não deveria ter de lutar por isso. Ele é meu filho e é nosso direito ficarmos juntos. Isso é muito simples de entender.

Alexandre Rodrigues


O Estadão

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