sábado, 22 de agosto de 2009

Hosmany Ramos diz que pode ser morto se voltar ao Brasil e pede asilo político na Islândia


SÃO PAULO - Preso na Islândia e com pedido de extradição encaminhado pelo governo brasileiro, o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos, 63 anos, foragido da Justiça desde janeiro passado, diz que está confiante em obter asilo político naquele país. Em entrevista ao jornal Diário de S.Paulo, por telefone, Hosmany diz que pode ser morto caso volte ao Brasil. O motivo, segundo ele, são as denúncias feitas sobre o sistema carcerário e a corrupção nos presídios. "Vão esperar a poeira baixar e mandar me apagar. Tenho certeza disso. Além disso, as autoridades aqui ficam abismadas quando eu conto das condições das penitenciárias brasileiras, onde até para conseguir tomar um banho é uma luta. Como respeitam muito os direitos humanos por aqui, ficam temerosos de entregar alguém de volta a condições tão subumanas", diz esperançoso.
Hosmany aproveitou a saída temporária de Natal e anunciou de antemão que não voltaria mais à Penitenciária de Valparaíso, a 577 km da capital paulista, onde cumpria pena por roubo e homicídio. Preso na capital da Islândia, Reyjavík, ele diz que o presídio "mais parece um hotel quatro estrelas comparada com as do Brasil". Conta que está sozinho na cela, que conta com banheiro com chuveiro, televisão, computador e telefone para fazer e receber ligações. Além disso, o local conta com um ginásio de esportes e aparelhos de ginástica. Os presos não ficam trancados durante o dia e recebem cinco refeições.

Como está a vida na prisão islandesa?
Muito melhor que na brasileira. Aqui é um país sério, onde os direitos humanos são respeitados. Você é tratado dignamente e não tem motivo para se revoltar. Eles realmente trabalham na reabilitação do infrator. Aqui, o preso ganha um salário para estudar ou trabalhar na cadeia. É outra realidade, parece um sonho.

Como é a relação com os islandeses?
Me dou muito bem com os colegas detentos islandeses. Aqui todos falam inglês e se interessam muito pelo Brasil e pela minha história. Gostam muito de futebol. Ensinei para eles o "bobinho" (jogo no qual os participantes formam uma roda e um deles tem que tentar capturar o objeto, que é passado de pé em pé). Virou uma febre na cadeia e jogamos todos os dias. Também corro na esteira. Mas na maior parte do tempo, fico na minha cela escrevendo meu novo livro.

Você acha que vai conseguir o asilo político na Islândia?
Estou bastante confiante de que vou conseguir asilo, sim. Já tenho um advogado islandês para ajudar no meu caso. Por conta das denúncias que fiz e faço contra a polícia e o sistema carcerário e pelo espaço que consigo na mídia, vão me matar assim que eu voltar para o Brasil. Vão esperar a poeira baixar e mandar me apagar. Tenho certeza disso. Além disso, as autoridades aqui ficam abismadas quando eu conto das condições das penitenciárias brasileiras, onde até para conseguir tomar um banho é uma luta. Como respeitam muito os direitos humanos por aqui, ficam temerosos de entregar alguém de volta a condições tão subumanas.


O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.