sábado, 22 de agosto de 2009

Estudo diz que pacientes cardíacos tendem a sofrer de doença psíquica


RIO - Pessoas que se queixam de dor forte no peito causada por isquemia no coração (angina) ou já sofreram infarto têm grande chance de manifestar depressão, e a probabilidade de morrer por doença cardíaca é sete vezes maior. É o que indica pesquisa com 135 pacientes com síndrome isquêmica coronariana aguda, atendidos no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio. A maioria dos participantes (53,3%) desenvolveu a doença psíquica e, segundo os autores, fatores como hipertensão arterial e vida sedentária pioram ainda mais os sintomas depressivos. O problema é que, geralmente, esse quadro é negligenciado, como mostra reportagem do GLOBO, de Antonio Marinho.
Para chegar ao diagnóstico de depressão, os autores aplicaram a escala de Beck (um questionário para avaliar risco) nos participantes, internados num período de cinco dias. A média de idade deles era de 61,8 anos, sendo 40% mulheres. Do total de pacientes, 98 tiveram infarto agudo e 37 sofriam de angina estável. Um grupo de 72 pessoas manifestou depressão: 42,28% um quadro moderado a grave e 57,7% sintomas leves. E a prevalência foi maior nas mulheres: 64,8%.
Segundo cardiologistas, a depressão é pouco valorizada nesses casos, e esses pacientes precisam de atenção especial e tratamento ainda no hospital. Isso inclui psicoterapia e até mesmo uso de medicamentos contra depressão.
- A depressão prejudica muito a recuperação do indivíduo com doença cardíaca, e o risco de morte nesse casos é sete vezes maior. Além disso, esses pacientes costumam desenvolver complicações graves - diz o cardiologista Marco Antonio Mattos, um dos coordenadores da pesquisa e diretor do Instituto.
Mattos destaca que embora o número de mulheres acompanhadas tenha sido menor que o de homens, o estudo mostrou que as cardíacas são propensas a ter depressão. A preocupação é maior porque, devido a vários fatores, o sexo feminino é mais vulnerável às doenças cardiovasculares. Suas artérias também são mais finas que a dos homens e a partir de certa idade já não contam com o efeito protetor do hormônio estrogênio.
A depressão se apresenta de várias formas, mas os sinais de alerta são desânimo, desinteresse, cansaço fácil, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, sensação de medo e insegurança, baixa auto-estima, além de interpretação distorcida e negativa da realidade. O Ministério da Saúde estima que dez milhões de brasileiros sofram da doença.



O Globo

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