terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vítimas contam como eram abordadas por médico preso por abuso em SP


SÃO PAULO - A defesa do médico Roger Abdelmassih, acusado de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes, vai entrar nesta terça-feira com um pedido de habeas corpus para que ele responda ao processo em liberdade. O médico, um dos mais conhecidos especialistas em fertilização do Brasil, responde a 56 processos criminais por estupro. Abdelmassih foi preso dentro de sua clínica no Jardim América, em São Paulo, na tarde de segunda-feira e passou a noite no 40º Distrito Policial, na zona norte de São Paulo, onde chegou em silêncio, depois de passar por exame de corpo de delito.
Ainda nesta segunda-feira, várias vítimas do médico contaram ao Jornal Nacional como ele agia. Nenhum delas teve a identidade revelada, uma vez que os processos correm sob sigilo. Uma mulher descreveu um ataque do médico na sala de pré-cirurgia, pouco antes da retirada de óvulos para a fertilização.
- Quando eu deitei na cama, ele pegou e veio acariciar meu seio e eu coloquei as minhas mãos na frente. Aí, eu falei pra ele: 'você não precisa mexer no meu seio pra tirar o óvulo de mim'. Ele estava sentindo prazer no que ele estava fazendo, entendeu? - contou a mulher.
- Ele abaixou a calça e veio por cima de mim, veio puxando assim, puxou a minha calça. Eu saí gritando - disse outra vítima.
O médico, que chegava a cobrar R$ 200 mil por um tratamento de fertilização, é um dos mais conhecidos do país.
- Ele tem uma imagem de ser a melhor pessoa do mercado na área e, na verdade, é um cara doente que, simplesmente, pega as vítimas num momento, mais frágil da vida - alega uma mulher.
Algumas das histórias de abuso chegaram ao Ministério Público no ano passado, mas a Justiça nem analisou a denúncia, porque não havia inquérito policial. A polícia entrou no caso, ouviu dezenas de mulheres que se apresentaram como vítimas, e o médico foi apontado como autor de crimes sexuais. Ele foi indiciado pelos artigos 214 do Código Penal (atentado violento ao pudor) e 213 (estupro). Pela nova legislação, ele responde por estupro mesmo que o ato sexual não tenha sido consumado com todas as vítimas.
- Ele começou a chegar perto de mim, pegar na minha mão e foi me acuando numa estante que tinha atrás da mesa lá do consultório dele e eu pensando: como é que eu vou fazer pra me livrar desse homem? Ele tem duas vezes o meu tamanho! Daí, ele começou a beijar, eu comecei a virar o rosto. Daí, quando ele tava naquela beijação nojenta, bateram na porta - contou outra vítima.
- Existem os médicos e existem os monstros. E, às vezes, o médico é o monstro. O doutor Roger é o monstro. É isso que eu vejo - diz uma mulher.
Além da Justiça, o Conselho Regional de Medicina abriu 51 processos éticos contra o médico. É a primeira vez que a entidade julga tantos processos éticos contra um mesmo profissional. Segundo com o conselho, tanto o médico quanto as vítimas serão ouvidas e o processo pode durar até seis meses. Se for considerado culpado pelo Conselho, Roger Abdelmassih pode ter o registro cassado.
O advogado de Abdelmassih alega inocência e afirma que o médico preenche todos os requisitos para aguardar o julgamento em liberdade. O advogado José Luís Oliveira Lima afirma ainda que Abdelmassih estará à disposição da Justiça.
- No momento oportuno, ele poderá mostrar a improcedência das acusações - afirmou o advogado.

Fonte: Globo on line

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