sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Filho de Abdelmassih diz ter certeza de que seu pai é inocente


O ginecologista Vicente (foto), filho de Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana in vitro que está sendo acusado de estuprar mais de 50 pacientes, afirmou ter a certeza de que o seu pai é inocente. “A gente nunca teve nenhuma suspeita, mesmo porque, se tivesse, mudaria um pouquinho a relação de trabalho, familiar”, disse em entrevista a Rogério Pagnan, da Folha.
Indiciado pela Polícia Civil por crime sexual, Roger Abdelmassih foi preso preventivamente na segunda (17). Na quarta, o desembargador José Raul Gavião de Almeida, da 6ª Câmara Criminal de São Paulo, indeferiu um pedido de habeas corpus apresentado pelos advogados do médico. Depois, no mesmo dia, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) anunciou a suspensão temporária do registro profissional de Abdelmassih.
Vicente disse que, com as denúncias, houve uma queda de 130 para 80 tratamentos ao mês na clínica. Mas mesmo assim, falou, a Clínica Abdelmassih permanece como a maior do país, em sua área. Em recente entrevista ao DCI (Diário Comércio, Indústria & Serviços), a médica Soraya, filha de Abdelmassih, falou, sem se referir ao escândalo, que a clínica realizaria este ano 1.700 ciclos de fertilização (tentativas de gravidez), o mesmo número registrado em 2008. Acrescentou que poderia até haver um desempenho superior ao do ano passado.
Vicente Abdelmassih deixou subentendido que a concorrência pode ser a origem das acusações, o que era o que seu pai vinha dizendo abertamente.
De acordo com o jornal Valor Econômico, existem no Brasil 120 clínicas de reprodução humana em laboratório, que realizam 20 mil ciclos de fertilização por ano. O setor movimenta anualmente R$ 300 milhões.
Transcrição da entrevista:
FOLHA - O que mudou na clínica depois das acusações contra seu pai?
VICENTE ABDELMASSIH - O trabalho continua normalmente. A diferença que a gente notou desde o início do ano, quando surgiram as acusações, foi que realmente houve uma queda [na procura]. Teve uma queda, pequena, do número de pacientes que entraram em consultas novas. A gente está fazendo em torno de 70 a 80 ciclos de fertilização in vitro por mês. Eram em torno de 120, 130 ciclos. Mas, mesmo com 80 ciclos, ainda é a maior clínica de fertilização in vitro no Brasil. O que faz isso não diminuir muito é justamente o trabalho feito aqui. Temos mais de 30 profissionais. A clínica investiu muito em tecnologia, em profissionais de ponta, mão-de-obra altamente especializada.
A Promotoria pediu investigação sobre procedimentos médicos que considera irregulares na clínica. Como vocês viram essas afirmações?
ABDELMASSIH - Estão falando em manipulação genética. Se a gente for pensar em manipulação genética, o que está sendo citado, qualquer procedimento relacionado à reprodução humana é manipulação genética. Uma simples inseminação artificial será manipulação genética. Falaram em "turbinamento" do óvulo, que nada mais é do que pegar 10% do citoplasma e colocar num óvulo que já não está em tão boa qualidade, principalmente de mulheres de idade mais avançada. Coloca-se dentro desse óvulo essa pequena quantidade de citoplasma, juntamente com espermatozoide, com objetivo de melhorar um pouquinho as condições internas desse óvulo.
Vocês faziam o turbinamento, que a Promotoria diz ser irregular?
ABDELMASSIH - Não é irregular. Aqui no Brasil não temos nenhuma lei que regulamenta os procedimentos de reprodução assistida. O que a gente tem é uma norma do Conselho Federal de Medicina, de 1992, que tem algumas diretrizes. Mas não fala nada a respeito disso.
Vocês chegaram a fazer?
ABDELMASSIH - Sem dúvida. Chegamos a fazer, é um procedimento técnico, mas é cada vez menos utilizado porque, em termos de resultado estatístico, não melhora muito.
Fala-se em 39 mulheres e 56 estupros cometidos. Nunca ninguém viu nada irregular na clínica?
ABDELMASSIH - Estou aqui desde 1994. Nunca foi observada nenhuma movimentação diferente que pudesse levar a esse tipo de pensamento. Para a aspiração do óvulo, precisa ter, no centro cirúrgico, um anestesista, tem que ter médico que está retirando o óvulo, uma enfermeira, laboratório de embriologia, que vai receber o óvulo, fica do lado do centro cirúrgico com uma janela aberta para receber esse material rapidamente, porque senão estraga. Depois, um procedimento que dura de cinco a dez minutos: a paciente vai sair acordada, andando, e vai para o quarto com uma enfermeira, muitas vezes com o anestesista. Fica difícil entender tudo o que está acontecendo.
Como o senhor pretende recuperar a imagem da clínica?
ABDELMASSIH - A estratégia a gente vai ter que ver com o tempo. O que eu posso dizer é que nós estamos preparados. Eu estou há 15 anos fazendo esse tipo de procedimento, trabalhando com infertilidade. O dr. Roger sempre investiu em tecnologia, profissionais especializados para ter resultado diferenciado.
Por que tanta gente acusa seu pai? Já se perguntou isso?
ABDELMASSIH - Sinceramente, eu não tenho uma explicação. Se é verdade ou não tudo isso, a Justiça está aí para dizer. Eu quero acreditar que existe aí um má intenção de pessoas. A verdade mesmo a gente só vai saber mais para a frente.
O senhor tem dúvida se isso pode ter, de fato, ocorrido?
ABDELMASSIH - Não acredito que isso tenho acontecido. A gente nunca teve nenhuma suspeita, mesmo porque, se tivesse, mudaria um pouquinho a relação de trabalho, familiar. Tenho certeza de que meu pai é inocente. Não quero dizer que isso é má intenção de outras pessoas, nem da concorrência, porque a gente sabe que classe médica é como qualquer outra.



Paulopes Weblog

2 comentários:

  1. Tem cara de pau para tudo...
    É mais que natural que o filho fique a favor do pai, ainda mais quando o que está em jogo é a galinha de ouro deles.
    Também pode acontecer do pai ser tão esperto que fazia tudo tão bem escondido que ninguém percebesse nada.
    Eu heim... preferiria ter meu pai morto, a pagar por uma vergonha dessa.

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  2. Não adianta negar o óbvio: o pai dele é maníaco sexual e criminoso, senão não estaria em cana!

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