quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Médico acusado de estupro também é investigado por manipulação genética


Roger Abdelmassih foi preso nesta segunda-feira (17), em SP. Ele é considerado um dos maiores especialistas em fertilização.

Além das acusações de mais de 50 estupros, o médico Roger Abdelmassih também está sendo investigado por manipulação genética e crime fiscal.
Ele está preso desde a última segunda-feira (17) no 40º Distrito Policial na Zona Norte de São Paulo. Na tarde desta terça-feira (18), os advogados entraram com um habeas corpus, mas o pedido de soltura ainda não havia sido julgado até a noite desta quarta.
“Eu disse a ele que temos de ter paciência. Apesar de estar abalado, apesar do sofrimento pessoal que ele tem, está confiante em uma decisão favorável”, afirmou o advogado José Luis Oliveira.
Além da denúncia por estupro, os promotores do grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) abriram outras duas frentes de investigação sobre as práticas do médico em sua clínica de reprodução humana: manipulação genética e crime fiscal. Ex-pacientes relataram aos promotores propostas que teriam recebido durante o tratamento. “Ele pegou a minha mão e falou assim: se a gente não conseguir tirar óvulos seus, a gente poderia usar outros óvulos no lugar dos seus óvulos. Eu falei que não, que eu era contra isso. Daí, ele falou pra mim: ‘Você não precisa contar para o seu marido’”, relatou uma das vítimas, que não quis se identificar. O professor de bioética da Universidade de São Paulo (USP) Cláudio Coen, diz que “do ponto de vista ético, é um absurdo”, pois tal decisão deve ser com o consentimento do casal. Cópias de denúncia já foram encaminhadas aos promotores da saúde pública e de combate à sonegação fiscal. O Conselho Regional de Medicina deverá decidir, ainda na noite desta terça-feira, se vai suspender cautelarmente o direito de Roger Abdelmassih exercer a medicina enquanto ele não for julgado. O conselho também abriu sindicância para investigar as práticas do médico. “Foi feita uma vistoria durante o decorrer da sindicância. A gente fez um levantamento da condição de funcionamento da clínica, das práticas médicas executadas, e ainda está em análise no conselho”, afirmou Renato Azevedo, vice-presidente do CRM. Peritos médicos estão analisando documentos recolhidos na clínica e ouvindo vítimas. Uma delas diz que perdeu a confiança no médico e abandonou o tratamento. “Será que esse filho é meu mesmo ou será que ele pegou um outro para aumentar as taxas? Porque essa é uma coisa de que ele se vangloria muito, das taxas fantásticas de gravidez, muito acima da média mundial”, observou uma das vítimas.



G1

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