quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Adoção: Atitudes para diminuir preconceitos


Em Ponta Grossa, para iniciar o processo de encaminhamento do pedido de adoção, os interessados precisam antes participar de três reuniões do Grupo de Apoio às Adoções Necessárias (Gaan). Não é uma mera formalidade. A intenção é deixar bem claro que a prioridade deve ser para as necessidades das crianças e tentar tirar dos pretendentes os preconceitos que podem estar presentes. Rosane Gonçalves, presidente do Gaan, fala com propriedade. Ela mesma é filha e também mãe adotiva. No grupo, os voluntários explicam aos candidatos a importância de adotar grupos de irmãos, por exemplo. “A Justiça não separa as crianças, principalmente nos casos em que houve convivência. E normalmente, eles cuidam uns dos outros”, relata Rosane. Ela argumenta que muitas das crianças já são vítimas de abandono e maus-tratos e que a separação dos irmãos seria mais um trauma psicológico.
O psicólogo Maurício Wisniewski também busca a aproximação entre interessados em adoção e crianças com necessidades especiais e/ou grupos de irmãos. Ele tem a própria história para contar. Irmão gêmeo de uma menininha, foi separado dela com pouco tempo de vida e nunca mais voltou a encontrá-la. Três anos e meio mais tarde, mais um “filho de coração” chegou na casa. “Eu que achei ele na cozinha. Falei pra minha mãe que o Papai Noel tinha trazido um irmãozinho pra mim”, conta ele.
O psicólogo reconhece que é mais difícil convencer os pretendentes a assumir desafios, mas não esmorece. “De cada cem casais, não passam de 5 os que aceitam adotar crianças fora dos padrões esperados. Mas já presenciei casos de pais que vão até o fórum ou no abrigo e na hora que veem a criança se sentem identificados e não interessa se há defi­­ciên­­cia”, relata.
Para Wisniewski, problemas de saúde não podem ser encarados como impeditivos. “Às vezes se trata de uma criança que requer mais cuidado, mas é uma criança mais carinhosa, capaz de um amor incondicional”, diz. Ele ainda usa como argumento que a fila para o perfil clássico de adoção costuma demorar muito mais. E para as crianças a espera tem um caráter muito mais desumano. Elas ficam muito mais tempo nos abrigos.

Fonte: Gazeta do Povo

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