domingo, 27 de dezembro de 2009

Jogo invertido no caso Goldman, mas procura-se respeito



O site , que agora virou uma fundação, pede apoio para retornar outras crianças retiradas do convívio de um dos genitores. Quem será o próximo David Goldman?
http://bringseanhome.org/forum/forumdisplay.php?f=13

Sempre após uma vitória muito esperada, o sentimento de dever cumprido toma os sentidos de tal maneira que pode turvar a capacidade de julgamento dos mais eufóricos.
Foram mais de 5 anos de espera para que uma verdade universal prevalecesse no caso Goldman: na falta da mãe, um pai, independente da sua nacionalidade, tem o direito legítimo de criar o filho.
Enquanto o jatinho da NBC ganhava os ares na véspera de Natal, cada brasileiro acordou com mais direitos assegurados. Com a decisão do ministro Gilmar Mender, os filhos brasileiros ganharam mais uma garantia de que não serão abruptamente separados de um dos genitores. E os pais receberam do Supremo Tribunal Federal o compromisso de que na ausência da mãe, nenhuma avó tem mais direito que eles.
Agora o doloroso jogo da custódia se inverteu. A avó brasileira do garoto americano depende do mesmo governo (brasileiro), cujo compromisso internacional ela desafiou, para garantir direitos de visitação nos EUA. Além disso, Silvana Bianchi diz que sofre quando vê o quarto de Sean vazio no apartamento do Rio de Janeiro. O quarto na casa de Nova Jersey, David o preservou exatamente como o garoto o deixou há 5 anos. As lágrimas dela são como uma extensão das dele.
Foi um Natal triste na casa dos Ribeiro no Rio – assim como tem sido por 5 anos na casa dos Goldman em Nova Jersey. Agora a parte brasileira entende o sofrimento de David.
Mas tenhamos respeito pela dor de uma família que, ninguém tem dúvidas, ama Sean com todas as forças. No entanto, ficou provado que o amor de uma avó, um padrasto, um tio, uma meia-irmã pôs em risco o direito de todos os pais do Brasil.
Não é hora de se fazer vingança. Mas de reconhecer que quem venceu esse caso foi igualmente a determinação de um pai e a pressão popular feita por gente comum através da Internet.
Quando um comentário é postado nesse blog, assim como em tantos outros na web, fica gravada a posição de um leitor que quer mais do que ler, quer influenciar os fatos em nome da Justiça.
Já pararam para pensar por que não houve passeata de brasileiros a favor do direito do David de ter o Sean de volta?
Porque no Brasil pairava no ar um clima de batalha entre EUA e Brasil. O caso Goldman foi mais simples do que tentaram fazer parecer. Mas os brasileiros no mundo todo lutaram pela verdade.
Para mim, o ponto alto do caso Goldman veio em junho. Acompanhei tudo on-line, estava num seminário em Chicago. Enquanto o Supremo julgava o primeiro habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio, brasileiros anônimos traduziam palavra por palavra (do português para o inglês) para que os americanos pudessem acompanhar num fórum na Internet. Me emocionei em ver a pura demonstração de cidadania de brasileiros que não dominavam o idioma por completo, mas detinham 100% a noção de certo e errado.
Aqui vai um pedido especial: respeitem a família brasileira, porque ao fazê-lo vocês estarão respeitando o Sean Goldman.

Eduardo Oliveira

Brasil com Z

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